Pensamento social latinoamericano em três momentos fundacionais da sua história: Bolívar, Mariátegui e os teóricos descoloniais
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1676-6288.prolam.2024.213195Palavras-chave:
José Carlos Mariátegui, Pensamento descolonial, pensamento anticolonial e anti-imperialista, Pensamento social latino-americano, Simón BolívarResumo
Na formação da América Latina, a cultura, a política, a economia e a sociedade se constituíram em padrões europeus como valores hegemônicos, o que destruiu, modificou e violentou tradições seculares dos povos originários. Não obstante, sempre houve rupturas políticas e nas formas de interpretar a realidade local, oferecendo alternativas e projetos políticos de transformação estrutural da sociedade. Neste artigo apresentamos três momentos do pensamento social latino-americano que foram contra-hegemônicos e fundacionais de linhas futuras de atuação política e interpretação da realidade com foco na superação, principalmente, do estatuto e da herança coloniais. Analisamos as proposições pioneiras de Simón Bolívar e suas utopias de libertação, e passamos pelo aprofundamento crítico do pensamento de José Carlos Mariátegui, com base em uma leitura não ortodoxa do marxismo, e concluímos com a proposta política e epistêmica dos pensadores descoloniais do grupo Modernidade/Colonialidade. Observaremos que, muito embora fossem autores muito diferentes, os desafios teóricos e políticos que propunham tinham como foco a superação do legado colonial na política, no saber e na própria existência do ser.
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