Gringaidas: notas sobre a Etimologia de ‘Gringo’

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1676-6288.prolam.2024.218576

Palavras-chave:

Brasil, Etimologia, Gringo, Migrações, Alteridade

Resumo

 O presente artigo analisa a etimologia do termo gringo desde o seu nascimento na Península Ibérica até ao seu uso comum nos dias de hoje. Utilizando pesquisa bibliográfica, etnográfica e linguísticas, procuramos desvendar alguns dos significados do termo no contexto brasileiro, ao mesmo tempo em que destacamos seu potencial como categoria êmica ou analítica que descreve adequadamente uma classe cada vez mais numerosa de pessoas no mundo glocalizado de hoje. Argumentamos que, apesar de seus entendimentos e usos populares em outras partes da América Latina, o uso do termo no Brasil recupera suas conotações originais de “estrangeiro de fala engraçada”, sem conexões necessárias com o imperialismo anglo-americano ou a branquitude. Nesse sentido, gringo, no Brasil, é um termo que – assim como o “fremde” de Simmel – destaca “aquilo que não é de nós, mas está entre nós”. Os últimos 200 anos de encontros imperiais, no entanto, fizeram com que o termo fosse cada vez mais aplicado a certos tipos de estrangeiros no Brasil: europeus brancos ou norte-americanos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Thaddeus Gregory Blanchette, Universidade Federal do Rio de Janeiro

     PhD em Antropologia Social. Professor Assistente no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: thaddeus.blanchette@gmail.com

Referências

BLANCHETTE, Thaddeus. Gringos. Masters thesis in social anthropology. PPGAS/MN/UFRJ, 2001.

BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA, Aurélio. Mini-Aurélio: O minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

COUTINHO, Edilberto. Grandes Clubs do Futebol Brasileiro e seus Maiores Ídolos: Nação Rubro-Negro. Rio de Janeiro: Fundação Nestlé de Cultura. 1990.

DALFON, Rogério. Bola Dividida. Revista Globo, v. 6, n. 34, p. 22-26, Oct. 10, 2010.

DAMATTA, Roberto, Digressão: A Fábula das Três Raças, ou o Problema do Racismo à Brasileira. In: Relativizando: uma introdução à Antropologia Social. Rio de Janeiro: Rocco, 1987. pp. 58-85.

DEGRINGOLADE. 2010. Alphadictionary. U.S., s/d. Available at: http://www.alphadictionary.com/goodword/word/degringolade. Accessed on: July 7, 2010.

Duarte, Marcelo. O Guia dos Curiosos: Esportes. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

FERREIRA-FRANCO, Marcelo. E se o gringo for “negão”? Raça, gênero e sexualidade no Rio de Janeiro segundo turistas afro-americanos. In: ANPOCS, 29, 2005. Anais do XXIX Encontro ANPOCS, GT 22. Caxambu, MG, 2005.

FINLEY, Mosses I., Ancient Slavery and Modern Ideology. Cambridge: Chatto & Windus, 1980.

FREYRE, Gilberto. Ingleses no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora. 1948.

FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mocambos. São Paulo: Editora Record. 1990 [1936]. BS1980.

GRINGO. Urban Dictionary. U.S. s/d. Available at: http://www.urbandictionary.com/define.php?term=gringo&defid=2017065. Accessed on: July 7, 2010.

KOEBEL, William Henry. British exploits in South America, Nova York: Century Co., 1917.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Introdução: A Obra de Marcel Mauss. In: MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: EDUSP. 1974 [1950].

LIMA E SILVA, Pollyane (ed.) “Os dez gringos famosos que devem tudo à internet”. Veja online. Brazil, May 28, 2010. Available at http://veja.abril.com.br/blog/10-mais/gente/os-10-gringos-famosos-que-devem-tudo-a-internet/. Accessed on: June 30, 2010.

MIRANDA PEREIRA, Leonardo A. Footballmania. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 2000.

OLGA. “Samba na Volga”. Brazil, 23.6.2005. Webliterata blog, Available at: thttp://webliterata.blogspot.com/2005/06/samba-no-volga.html. Accessed on: July 7, 2010.

RESACA MORAL. 2008. “Presente brasileiro não passa na alfândega americana”. Brazil, March 16, 2008. Available at http://www.ressacamoral.com/page/5. Accessed on: June 30, 2010.

RODRIGUES, Sérgio. “Curiosidades etimológicas:degringolar”. Brazil, Jan, 12, 2005. Available at: http://veja.abril.com.br/blog/todoprosa/a-palavra-e/curiosidades-etimologicas-degringolar/. Accessed on: July 7, 2010.

RONAN, Charles E. “Observations on the Word Gringo”. Arizona and the West, v.6, n.1, p.23-29, Spring 1964.

SCHNEIDER, David. American Kinship: A Cultural Account. Modern Societies Series. Chicago: University of Chicago Press, 1980 [1968].

SEIXAS, Raul. “Aluga-se”. São Paulo, Discos CBS 1980. 5 min.

SILVEIRA DE FARIAS, Patrícia. Pegando uma cor na praia: relações raciais e classificação de cor na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Prefeitura do Rio de Janeiro, 2006.

Simmel, Georg. The Stranger . In: Kurt Wolff. The Sociology of Georg Simmel. New York: Free Press, 1950 [1908], p. 402-408.

X-8 “Gíria e companhia”. Brazil, June 13, 2005. Available at: http://origemdapalavra.com.br/palavras/jerigonza/. Accessed on: July 7, 2010.

ZHANG, Li. 2023. Futures Intersecting: New Indigenous Leadership, Post-Extractive Development Models, and Shifting South-South Geo-Politics. International Conference The Future of the Amazon, Oct. 2023, Santa Barbara. Presentation at the Future of the Amazon International Conference, Santa Barbara: The Orfalea Center, University of California Santa Barbara, Oct. 2023.

Downloads

Publicado

2024-11-25

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

Blanchette, T. G. (2024). Gringaidas: notas sobre a Etimologia de ‘Gringo’. Brazilian Journal of Latin American Studies, 23(49), 250-269. https://doi.org/10.11606/issn.1676-6288.prolam.2024.218576