A construção do horizonte feminista latino-americano no século XXI: uma nova geopolítica do conhecimento

Resumo

O artigo começa com uma breve referência às lutas e reflexões das feministas na América Latina e no Caribe espanhol ao longo das últimas três décadas do século XX (1970-2000), pano sobre o qual se conformarão os feminismos do século XXI. No século XX, elas tiveram que confrontar as formas como a sociedade e o Estado colocaram o papel secundário, tradicional e naturalizado das mulheres. Ter feito isso significou uma profunda desobediência epistêmica contra os “pensamentos únicos”, as hierarquias do conhecimento, a inexistência do sujeito feminista e a ausência de sua voz.  No século XXI, esta desobediência epistêmica se espalha a partir das vozes de novas atoras – ou das antigas, hoje com nova audibilidade –, que alicerçadas nos corpos, na busca pela autonomia, na recuperação das memórias de luta, nas “outras” visões de mundo, enriquecem o horizonte feminista com categorias sentipensantes. Representam, assim, novas formas de compreensão sobre as múltiplas realidades que marcam a diversidade de experiências e modos de vida das mulheres. A partir desta nova geopolítica do conhecimento, desdobram-se lutas, sentimentos, subjetividades e memórias, dando conta da existência de feminismos plurais e diversos que alimentam a teoria e a ação estendidas a múltiplos espaços, como características dos feminismos do século XXI.