Políticas de cuidado e os limites das políticas do desenvolvimento: análise a partir de Brasil e Uruguai e das perspectivas de gênero e raça
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1676-6288.prolam.2025.233478Palavras-chave:
Desenvolvimento, Gênero e Raça, Políticas de cuidado, Brasil, UruguaiResumo
Este artigo analisa a política de cuidado como dimensão transversal do desenvolvimento humano, articulando a teoria do desenvolvimento como liberdade, de Amartya Sen, a crítica estrutural de Celso Furtado e as contribuições de Lélia Gonzalez, que introduz as dimensões étnico-raciais e de gênero no debate. Parte-se da hipótese de que o cuidado constitui uma liberdade instrumental indispensável, capaz de evidenciar as contradições entre crescimento econômico e desenvolvimento social na América Latina. A pesquisa, de abordagem qualitativa e quantitativa, fundamenta-se nas obras Desenvolvimento como Liberdade (SEN, 1999), O Mito do Desenvolvimento Econômico (FURTADO, 1974) e Por um Feminismo Afro-Latino-Americano (GONZALEZ, 2020). No eixo empírico, utilizam-se os relatórios da CEPAL de 2022 e 2025, intitulados La Sociedad del Cuidado. Os resultados indicam que as políticas de cuidado, ao redistribuírem tempo, renda e trabalho, fortalecem o exercício das liberdades instrumentais e promovem maior equidade social. Conclui-se que integrar o cuidado como política pública de desenvolvimento é essencial para ampliar as liberdades instrumentais, reduzir desigualdades étnico-raciais e promover a equidade de gênero na América Latina.
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