As bases teóricas da medicalização e seus efeitos na clínica contemporânea: patologização e sofrimento

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DOI:

https://doi.org/10.1590/0103-6564e240034

Palavras-chave:

medicalização, patologização, sofrimento, psicanálise

Resumo

A medicalização consiste em um processo fundamental que comparece na subjetividade contemporânea desde a constituição do sujeito até o final de sua existência. Enquanto fenômeno eminentemente sociocultural, cujo foco está na transformação de comportamentos que anteriormente não eram compreendidos como médicos em “coisas médicas”, tuteladas pela medicina, que afastam as pessoas das informações e decisões acerca da própria saúde, fomenta o uso generalizado de fármacos e expõe a artificialização do corpo e da mente humana, incidindo sobremaneira na clínica. A medicalização emerge como objeto de estudo no campo da sociologia da saúde a partir da segunda metade do século XX e ganha corpo nos estudos de Irving Zola, Ivan Illich, Peter Conrad e Michel Foucault. Neste artigo, serão abordadas as perspectivas de Illich e Foucault, assim como o contraponto psicanalítico que se apresenta como elemento crucial para fazer frente à cultura medicalizante.

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Biografia do Autor

  • Luciana Jaramillo Caruso de Azevedo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Pós-doc FAPERJ 10.

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Publicado

25-07-2025

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

As bases teóricas da medicalização e seus efeitos na clínica contemporânea: patologização e sofrimento. (2025). Psicologia USP, 36, e240034. https://doi.org/10.1590/0103-6564e240034