Patrimônio de quem?: a candidatura das fortalezas de Anhatomirim e Ratones à patrimônio da humanidade

Resumo

A Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim e a Fortaleza de Santo Antônio de Ratones (Santa Catarina – Brasil) integram o conjunto de 19 fortificações brasileiras indicadas a serem reconhecidas como patrimônio mundial pela UNESCO. Estas fortalezas, construídas em 1739, foram tombadas como patrimônio histórico nacional em 1938 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN, hoje Iphan), e são tuteladas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desde 1979 e 1990, respectivamente. O presente artigo parte da candidatura destas fortalezas à patrimônio mundial para uma reflexão sobre o processo de patrimonialização das fortalezas catarinenses: atentamos que perspectiva historiográfica é adotada neste processo e dá sustentação à patrimonialidade destas fortalezas, na relação com o conceito de patrimônio histórico, para identificar que história se quer contar a partir do patrimônio; as continuidades e as rupturas entre as propostas para as fortalezas nas décadas de 1970 e 1980 e os projetos desenvolvidos pela universidade nestes espaços, hoje; como a candidatura à patrimônio mundial interfere no processo de patrimonialização das fortalezas catarinenses, na gestão destas fortalezas pela UFSC e nas propostas de uso para estes monumentos; e o que significa estas fortalezas serem reconhecidas como patrimônio da humanidade, lançando mão de um referencial teórico em torno do filósofo Walter Benjamin e seus interlocutores, e autoras e autores que debatem o campo do patrimônio no Brasil.