As pândegas nas ruas de Belém: o “fim” das festas religiosas de pretos através das práticas de cerceamento da Igreja e do Estado (1888 – 1910)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-5487.21.2025.216719Palavras-chave:
Pós-abolição, Belém do Pará, População negra, Festas religiosasResumo
O presente trabalho consiste na investigação dos múltiplos significados das manifestações festivas de caráter religioso que ora mascaram, ora evidenciam a resistência ou agência de uma população afrodescendente, na cidade de Belém do Pará, entre os anos de 1888 e 1910. Entre as missas, marchas, fogos de artifício e a severidade da justiça, as implicações de classe e raça mostram sua face dentro de processos marginalizadores, como o branqueamento ideológico da população brasileira no período do pós-abolição, e cerceadores, como as ações violentas da polícia ao reprimir comportamentos de setores subalternizados da sociedade. Nessa lógica, procura-se entender o modo que as tensões entre os agentes envolvidos nesse campo recheado de disputas culminaram em várias formas de representações nas festas religiosas e não religiosas.
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