Entre Requebrados, Batuques e Liberdades : música, festa e mulher negra no imediato pós-Abolição em Belém-PA (1888-1889)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-5487.v15i20216222Palavras-chave:
Música, Festa , Mulher negra, Pós-abolição, BatuqueResumo
A segunda metade do século XIX foi palco de significativas transformações em variados âmbitos do corpo social no Brasil, sobretudo, as mudanças das estruturas e das relações sociais — evidenciando a abolição da escravidão em 1888. Tendo em vista, que os jornais ocupavam locais de influência, como vinculador das opiniões, desenvolve-se aqui um estudo através de fontes jornalísticas investigando a presença pública da população negra e mestiça no imediato pós-abolição (1888-1889) na cidade de Belém-PA, buscando vestígios que demonstram a movimentação dos populares e averiguando as visões de jornalistas e literatos, atentando em especial, para uma análise social da mulher negra nas manifestações musicais e festivas. Neste contexto, a população negra já marcava sua presença em meio a tentativas de invisibilização e opressão, pautando sua existência e resistência, cotidianamente, não só através de um movimento organizado — como eram as associações abolicionistas brancas — mas, utilizando de seus corpos, crenças e tradições. Tais indivíduos empregaram variados usos da música e da festa, utilizando não só como meio de entretenimento, mas como instrumento expressivo, político e estratégico.
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