Limites da feminilidade na Eneida de Virgílio
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-5487.v12i17p188492Palavras-chave:
Eneida, Mulheres na Antiguidade, Literatura latina, Identidade romanaResumo
Este trabalho busca verificar e desdobrar a tese de que as personagens femininas da Eneida que extrapolam os limites desejáveis para o protótipo de uma romana ideal acabam malfadadas. Para tanto, em um primeiro momento, recupera no texto virgiliano a caracterização das personagens Cassandra, Pentesileia, Creúsa, Andrômaca, Dido, Sibila, Camila, Lavínia, Amata, Juturna, Juno, Vênus e Deiopeia. Em seguida, analisa, a partir da caracterização feita, se essas personagens: se enquadram no protótipo esperado; assumem virtudes reservadas apenas aos homens; apresentam vícios tipicamente atribuídos às mulheres; e acabam malfadadas ou não. As principais conclusões indicam que: (1) as personagens femininas na Eneida podem ter um destino ruim tanto por extrapolar os limites da feminilidade e invadir os domínios dos homens quanto por causa de vícios tipicamente atribuídos às mulheres; (2) invariavelmente, o retrato de todas as personagens femininas apresenta vícios tipicamente atribuídos às mulheres, o que indica que as mulheres, no ideário antigo representado pela Eneida, são essencialmente viciosas ou problemáticas; (3) as principais personagens divinas se assemelham às aristocratas romanas, isto é, as deusas agem como as aristocratas agiam na visão dos homens: são fúteis, vaidosas e avarentas e governam nos bastidores, na base de moeda sexual, intrigas, maquinaria e chantagem.
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Referências
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