Alavancagem, gestores entrincheirados e o efeito moderador da influência do principal acionista
DOI:
https://doi.org/10.1590/Palavras-chave:
alavancagem, Teoria da Agência, Teoria do Trade-Off, entrincheiramento gerencialResumo
Este estudo associou a alavancagem das empresas listadas brasileiras à busca de seus gestores por proteção contra o risco de intervenções do principal acionista. Embora a literatura tenha apontado que gestores aumentariam a alavancagem com o intuito de protegerem-se contra tomadas de controle, ainda não havia investigado o uso da dívida como defesa contra o risco de intervenções pelo principal acionista da empresa. Esta pesquisa aborda o principal problema da governança corporativa, que é o entrincheiramento decorrente do fortalecimento e da proteção excessiva dos gestores. Reforça-se a importância de considerar a relação de agência ao explicar a estrutura de capital observada nas empresas brasileiras, especialmente quando se considera a existência de alavancagens ótimas que maximizariam o valor para os acionistas. Regressões em painel testaram a associação da alavancagem ao fortalecimento gerencial e o risco de intervenção pelo principal acionista para uma amostra de empresas listadas brasileiras. Especificamente, utilizou-se um modelo de interação no qual a alavancagem observada é função de gestores fortalecidos, aqueles cuja remuneração sempre é maior do que o esperado, dadas as características e o desempenho da empresa, que buscaram proteção contra grandes acionistas muito influentes nas decisões em suas empresas. Os resultados sugerem que, embora tenham um potencial interesse em diminuir a disciplina da dívida, gestores entrincheirados aumentam o nível de endividamento na presença de um grande acionista influente, demonstrando comprometimento aos acionistas. Esses resultados destacam a importância da Teoria da Agência para explicar a estrutura de capital das empresas brasileiras, e ressaltam semelhanças na abordagem à alavancagem por gestores em mercados de características diferentes, como o brasileiro e o norte-americano.
Downloads
Referências
Agha, M. (2011). Leverage, executive incentives and corporate governance. Accounting & Finance, 53(1), 1-30. https://doi.org/10.1111/j.1467-629X.2011.00450.x
Aghion, P., & Tirole, J. (1997). Formal and real authority in organizations. Journal of Political Economy, 105(1), 1-29. https://doi.org/10.1086/262063
Bebchuk, L., Cohen, A., & Ferrell, A. (2009). What matters in corporate governance? The Review of Financial Studies, 22(2), 783-827. https://doi.org/10.1093/rfs/hhn099
Berger, P., Ofek, E., & Yermack, D. (1997). Managerial entrenchment and capital structure decisions. The Journal of Finance, 52(4), 1411-1438. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.1997.tb01115.x
Boateng, A., Cai, H., Borgia, D., Bi, X., & Ngwu, F. (2017). The influence of internal corporate governance mechanisms on capital structure decisions of Chinese listed firms. Review of Accounting and Finance, 16(4), 444-461. http://dx.doi.org/10.1108/RAF-12-2015-0193
Brailsford, T., Oliver, B., & Pua, S. (2002). On the relation between ownership structure and capital structure. Accounting & Finance, 42(1), 1-26. https://doi.org/10.1111/1467-629X.00001
Cameron, A., & Trivedi, P. (2005). Microeconometrics: Methods and applications. Cambridge University Press.
Chintrakarn, P., Jiraporn, P., & Singh, M. (2014). Powerful CEOs and capital structure decisions: Evidence from the CEO pay slice (CPS). Applied Economics Letters, 21(8), 564-568. https://doi.org/10.1080/13504851.2013.875102
Crisóstomo, V., & Pinheiro, B. (2015). Estrutura de capital e concentração de propriedade da empresa brasileira. Revista de Finanças Aplicadas, 4(1), 1-30. https://ssrn.com/abstract=2912995
Feng, Y., Hassan, A., & Elamer, A. (2020). Corporate governance, ownership structure and capital structure: Evidence from Chinese real estate listed companies. International Journal of Accounting & Information Management, 28(4), 759-783. http://dx.doi.org/10.1108/IJAIM-04-2020-0042
Frank, M., & Goyal, V. (2009). Capital structure decisions: Which factors are reliably important? Financial Management, 38(1), 1-37. https://doi.org/10.1111/j.1755-053X.2009.01026.x
Garvey, G., & Hanka, G. (1999). Capital structure and corporate control: The effect of antitakeover statutes on firm leverage. The Journal of Finance, 54(2), 519-546. https://doi.org/10.1111/0022-1082.00116
Gompers, P., Ishii, J., & Metrick, A. (2003). Corporate governance and equity prices. The Quarterly Journal of Economics, 118(1), 107-156. https://doi.org/10.1162/00335530360535162
Grossman, S., & Hart, O. (1980). Takeover bids, the free-rider problem, and the theory of the corporation. The Bell Journal of Economics, 11(1), 42-64. https://doi.org/10.2307/3003400
Grossman, S., & Hart, O. (1982). Corporate financial structure and managerial incentives. In J. McCall (Ed.), The economics of information and uncertainty (pp. 107-140). University of Chicago Press. http://www.nber.org/chapters/c4434
Hart, O. (1996). Theories of optimal capital structure: A managerial discretion perspective. In B. Allen (Ed.), Economics in a changing world (pp. 204-235). Palgrave Macmillan. https://doi.org/10.1007/978-1-349-25168-1_10
Hermalin, B., & Weisbach, M. (1998). Endogenously chosen boards of directors and their monitoring of the CEO. The American Economic Review, 88(1), 96-118. https://www.jstor.org/stable/116820
Jensen, M. (1986). Agency costs of free cash flow, corporate finance, and takeovers. The American Economic Review, 76, 323-329. https://www.jstor.org/stable/1818789
Jensen, M., & Meckling, W. (1976). Theory of the firm: Managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, 3(4), 305-360. https://doi.org/10.1016/0304-405X(76)90026-X
Jensen, M., & Murphy, K. (1990). Performance pay and top-management incentives. Journal of Political Economy, 98(2), 225-264. https://doi.org/10.1086/261677
Jiraporn, P., Chintrakarn, P., & Liu, Y. (2011). Capital structure, CEO dominance, and corporate performance. Journal of Financial Services Research, 42(3), 139-158. https://doi.org/10.1007/s10693-011-0109-8
Jiraporn, P., & Liu, Y. (2008). Capital structure, staggered boards, and firm value. Financial Analysts Journal, 64(1), 49–60. https://doi.org/10.2469/faj.v64.n1.7
La Bruslerie, H., & Latrous, I. (2012). Ownership structure and debt leverage: Empirical test of a trade-off hypothesis on French firms. Journal of Multinational Financial Management, 22(4), 111-130. https://doi.org/10.1016/j.mulfin.2012.06.001
Lemmon, M., Roberts, M., & Zender, J. (2008). Back to the beginning: Persistence and the cross-section of corporate capital structure. The Journal of Finance, 63(4), 1575-1608. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2008.01369.x
Li, T., Munir, Q., & Karim, M. (2017). Nonlinear relationship between CEO power and capital structure: Evidence from China’s listed SMEs. International Review of Economics & Finance, 47, 1-21. https://doi.org/10.1016/j.iref.2016.09.005
Mello, C., & Carvalho, A. (2014). Considerações sobre o controle difuso, as “poison pills” e as “hostile take over bids” no mercado de capitais brasileiro. In M. Siqueira (Org.), Brasil S/A: Guia de acesso ao mercado de capitais para companhias brasileiras (pp. 157-170). Donnelley Financial Solutions. https://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2578311
Morellec, E. (2003). Can managerial discretion explain observed leverage ratios? Review of Financial Studies, 17(1), 257-294. https://doi.org/10.1093/rfs/hhg036
Murphy, K. (1985). Corporate performance and managerial remuneration. Journal of Accounting and Economics, 7(1-3), 11-42. https://doi.org/10.1016/0165-4101(85)90026-6
Novaes, W. (2003). Capital structure choice when managers are in control: Entrenchment versus efficiency. The Journal of Business, 76(1), 49-82. http://www.jstor.org/stable/10.1086/344113
Novaes, W., & Zingales, L. (1995). Capital structure choice when managers are in control: Entrenchment versus efficiency (NBER Working Paper 5384). National Bureau of Economic Research. https://www.nber.org/system/files/working_papers/w5384/w5384.pdf
Pindado, J., & De La Torre, C. (2011). Capital structure: New evidence from the ownership structure. International Review of Finance, 11(2), 213-226. https://doi.org/10.1111/j.1468-2443.2010.01115.x
Procianoy, J., & Schnorrenberger, A. (2004). A Influência da estrutura de controle nas decisões de estrutura de capital das companhias brasileiras. Revista Brasileira de Economia, 58, 122-146. https://doi.org/10.1590/S0034-71402004000100006
Rajan, R. & Zingales, L. (1995). What do we know about capital structure? Some evidence from international data. The Journal of Finance, 50(5), 1421-1460. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.1995.tb05184.x
Sampaio, T. (2022). Estrutura de capital, governança corporativa e concentração de propriedade das empresas brasileiras (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Ceará. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/66548
Shleifer, A., & Vishny, R. (1989). Management entrenchment: The case of manager-specific investments. Journal of Financial Economics, 25(1), 123-139. https://doi.org/10.1016/0304-405X(89)90099-8
Shleifer, A., & Vishny, R. (1997). A survey of corporate governance. The Journal of Finance, 52(2), 737-783. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.1997.tb04820.x
Silveira, A., Perobelli, F., & Barros, L. (2008). Governança corporativa e os determinantes da estrutura de capital: Evidências empíricas no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, 12, 763-788. https://doi.org/10.1590/S1415-65552008000300008
Stulz, R. (1990). Managerial discretion and optimal financing policies. Journal of Financial Economics, 26(1), 3-27. https://doi.org/10.1016/0304-405X(90)90011-N
Tayachi, T., Hunjra, A., Jones, K., Mehmood, R., & Al-Faryan, M. (2021). How does ownership structure affect the financing and dividend decisions of firm? Journal of Financial Reporting and Accounting, 21(3), 729-746. http://dx.doi.org/10.1108/JFRA-09-2021-0291
Tosun, O. (2015). The effect of CEO option compensation on the capital structure: A natural experiment. Financial Management, 45(4), 953-979. https://doi.org/10.1111/fima.12116
Vieira, K., Velasquez, M., Losekann, V., & Ceretta, P. (2011). A Influence da governança corporativa no desempenho e na estrutura de capital das empresas listadas na Bovespa. Revista Universo Contábil, 7(1), 46-67. http://dx.doi.org/10.4270/ruc.20117
Zwiebel, J. (1996). Dynamic capital structure under managerial entrenchment. The American Economic Review, 86(5), 1197-1215. https://www.jstor.org/stable/2118286
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Bruno José Canassa, Lucas Allan Diniz Schwarz, Maurício Ribeiro do Valle

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
O conteúdo do(s) artigo(s) publicados na RC&F são de inteira responsabilidade do(s) autores, inclusive quanto a veracidade, atualização e precisão dos dados e informações. Os autores cedem, antecipadamente, os direitos autorais à Revista, que adota o sistema CC-BY de licença Creative Commons. Leia mais em: https://creativecommons.org/licenses/.
A RC&F não cobra taxa para a submissão de artigos. A submissão de artigo(s) à RC&F implica na autorização do(s) autor(es) para sua publicação, sem pagamento de direitos autorais.
A submissão de artigos autoriza a RC&F a adequar o texto do(s) artigo(s) a seus formatos de publicação e, se necessário, efetuar alterações ortográficas, gramaticais e normativas.