Dinâmica tributária implícita e ciclo de vida organizacional: Uma análise quantitativa de empresas listadas na B3

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1808-057x20252171.pt

Palavras-chave:

impostos implícitos, taxa de retorno, taxa efetiva de imposto, ciclo de vida organizacional

Resumo

O presente estudo tem como objetivo analisar como os custos implícitos variam ao longo dos estágios do ciclo de vida organizacional (CVO) e verificar se as empresas conseguem manter as vantagens obtidas através de incentivos fiscais, mesmo sujeitas a impostos implícitos. Pesquisas anteriores têm abordado a tributação das empresas e as teorias de ciclo de vida de maneira isolada, com pouca atenção à interação entre esses temas - especialmente em economias emergentes como o Brasil. Buscamos preencher essa lacuna ao investigar a relação entre impostos implícitos e os estágios do CVO em um ambiente tributário marcado por elevada complexidade. No contexto brasileiro, os incentivos fiscais são instrumentos centrais de política econômica e a avaliação de sua efetividade à luz dos impostos implícitos oferece subsídios importantes para investidores, gestores e formuladores de políticas interessados em aprimorar estratégias corporativas e resultados fiscais. Este é o primeiro estudo a associar impostos implícitos ao CVO no Brasil e contribui com novas perspectivas para o desenho de políticas tributárias mais direcionadas, além de estabelecer uma base sólida para pesquisas futuras sobre a interseção entre dinâmica empresarial, tributação e desenvolvimento econômico. A análise empírica foi conduzida com dados de empresas listadas na B3 S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão (B3), no período de 2010 a 2022, utilizando os métodos de mínimos quadrados ordinários (MQO) e regressão quantílica (RQ). A classificação dos estágios do CVO seguiu a metodologia baseada nos fluxos de caixa proposta por Dickinson (2011) e a robustez dos resultados foi garantida por meio da utilização de variáveis de controle como tamanho, alavancagem e composição dos ativos. Os resultados revelam que empresas nos estágios de introdução, crescimento, reestruturação e declínio enfrentam uma carga tributária implícita menor em comparação àquelas em estágio de maturidade. Além disso, essas organizações tendem a reter uma parcela mais significativa dos benefícios fiscais, indicando que os impostos implícitos não anulam integralmente as vantagens proporcionadas por incentivos dessa natureza. Ao estender a análise dos impostos implícitos para o contexto de um mercado emergente, integramos as abordagens teóricas dos impostos implícitos e do CVO, oferecendo contribuições relevantes para o planejamento tributário estratégico, a formulação de políticas públicas e a tomada de decisões por investidores.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Abbas, N., Seemab, K., Waheed, A., & Hussain, S. (2018). The impact of firm life cycle on the corporate tax avoidance strategies. Foundation University Journal of Business & Economics, 3(2), 28-50. https://doi.org/10.33897/fujbe.v3i2.331

Berger, P. G. (1993). Explicit and implicit tax effects of the R&D tax credit. Journal of Accounting Research, 31(2), 131-171. https://doi.org/10.2307/2491268

Callihan, D. S., & White, R. A. (1999). An application of the Scholes and Wolfson model to examine the relation between implicit and explicit taxes and firm market structure. Journal of the American Taxation Association, 21(1), 1-19. https://doi.org/10.2308/jata.1999.21.1.1

Cao, J. (2022). An examination of the relationship between implicit taxes and market structure: Evidence from Chinese listed companies. Post-Communist Economies, 34(4), 499-519. https://doi.org/10.1080/14631377.2021.2006494

Cao, J., & Cui, Y. (2023). Does tax‐favored policy improve the profitability of environmental protection firms? An empirical study from the implicit tax perspective. Asia-Pacific Journal of Financial Studies, 52(3), 473-495. https://doi.org/10.1111/ajfs.12435

Chen, M.-C., & Hung, C.-Y. (2010). The effects of macroeconomic factors on implicit taxes: Evidence from an emerging economy. Journal of International Accounting, Auditing and Taxation, 19(2), 79-92. https://doi.org/10.1016/j.intaccaudtax.2010.07.001

Chyz, J. A., Luna, L., & Smith, H. (2021). Implicit taxes of US domestic and multinational firms over the past quarter-century. Journal of the American Taxation Association, 43(2), 37-61. https://doi.org/10.2308/JATA-19-018

Dickinson, V. (2011). Cash flow shareholders as a proxy for firm life cycle. The Accounting Review, 86(6), 1969-1994. https://doi.org/10.2308/accr-10164

Favero, L. P., Belfiore, P., Takamatsu, R. T., & Suzart, J. (2014). Quantitative methods with Stata: Procedures, routines and results analysis (Vol. 1). Elsevier.

Gabrielli, A., & Greco, G. (2023). Tax planning and financial default: Role of corporate life cycle. Management Decision, 61(13), 321-355. https://doi.org/10.1108/MD-07-2022-0928

Gujarati, D. N., & Porter, D. C. (2011). Econometria básica. Translation D. Durante, M. Rosemberg, & M. L. G. L. Rosa (5th ed.). AMGH Editora.

Haese, J. M., & Galdi, F. C. (2020). Impactos da Lei 11.312/06 sobre a participação de investidores estrangeiros no volume de títulos públicos brasileiros. Advances in Scientific and Applied Accounting, 13(2), 046-066. https://doi.org/10.14392/ASAA.2020130203

Hanlon, M., & Heitzman, S. (2010). A review of tax research. Journal of Accounting and Economics, 50(2), 127-178. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2010.09.002

Jacob, M. (2018). A note on tax research. Revista Contabilidade & Finanças, 29(78), 339-342. https://doi.org/10.1590/1808-057x201890280

Jennings, R., Weaver, C. D., & Mayew, W. J. (2012). The extent of implicit taxes at the corporate level and the effect of TRA86. Contemporary Accounting Research, 29(4), 1021-1059. https://doi.org/10.1111/j.1911-3846.2012.01157.x

Lei 11.312, de 27 de junho de 2006. (2006, 27 de junho). Reduz a zero as alíquotas do imposto de renda e da Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores

e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira – CPMF nos

casos que especifica; altera a Lei nº 9.311, de 24 de outubro

de 1996; e dá outras providências. https://anvisalegis.

datalegis.net/action/ActionDatalegis.php?acao=detalhar

Ato&tipo=LEI&numeroAto=00011312&seqAto=000&valor

Ano=2006&orgao=NI&nomeTitulo=codigos&desItem=&

desItemFim=&cod_modulo=134&cod_menu=9451

Leone, A. J., Minutti-Meza, M., & Wasley, C. E. (2019). Influential observations and inference in accounting research. The Accounting Review, 94(6), 337-364. https://doi.org/10.2308/accr-52396

Mangoting, Y., & Onggara, C. T. (2019). The firm life cycle dynamics of tax avoidance. In Proceedings of the International Conference on Tourism, Economics, Accounting, Management, and Social Science (TEAMS 2018) (p. 198204). https://doi.org/10.2991/teams-18.2019.35

Markle, K. S., Mills, L. F., & Williams, B. (2020). Implicit corporate taxes and income shifting. The Accounting Review, 95(3), 315-342. https://doi.org/10.2308/accr-52601

Martinez, A. L., da Silva, R., & Sarlo, A., Neto (2024). Market concentration and implicit taxes: Analyzing Brazilian firms. RAUSP Management Journal, 59(4), 402-417. https://doi.org/10.1108/RAUSP-04-2023-0055

Martinez, A. L., Silva, R. D., & Sarlo, A., Neto (2023). The impact of corporate governance on implicit taxes: Evidence from Brazilian publicly traded companies. Revista Catarinense da Ciência Contábil, 22, e3385. https://doi.org/10.16930/2237-7662202333851

Salbador, D. A., & Vendrzyk, V. P. (2006). An examination of the relations among tax preferences, implicit taxes, and market power in a noncompetitive market. Journal of the American Taxation Association, 28(2), 47-67. https://doi.org/10.2308/jata.2006.28.2.47

Scholes, M. S., Wolfson, M. A., Erickson, M., Maydew, E. L., & Shevlin, T. (2009). Taxes and business strategy: A planning approach (4th ed.). Prentice Hall.

Scholes, M., & Wolfson, M. (1992). Taxes and business strategy: a planning approach. Prentice Hall.

Shackelford, D. A., & Shevlin, T. (2001). Empirical tax research in accounting. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3), 321-387. https://doi.org/10.1016/S0165-4101(01)00020-8

Smith, H. (2021). Implicit taxes in imperfect markets. In J. Hasseldine (Ed.), Advances in taxation (Vol. 29, pp. 1-24). Emerald Publishing Limited. https://doi.org/10.1108/S1058-749720210000029001

Smith, H. E. (2017). Implicit taxes in imperfect markets [PhD Dissertation]. University of Tennessee. https://trace.tennessee.edu/utk_graddiss/4655/

Wilkie, P. J. (1992). Empirical evidence of implicit taxes in the corporate sector. Journal of the American Taxation Association, 14(1), 97.

Publicado

2025-09-03

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Martinez, A. L., da Silva, R., & Sarlo Neto, A. (2025). Dinâmica tributária implícita e ciclo de vida organizacional: Uma análise quantitativa de empresas listadas na B3. Revista Contabilidade & Finanças, 36(98), e2171. https://doi.org/10.1590/1808-057x20252171.pt