Ingênuo é quem age ingenuamente: a relação entre a atenção do investidor de varejo, investimento em valor e ruído
DOI:
https://doi.org/10.1590/1808-057x20252196.ptPalavras-chave:
atenção do investidor, investimento em valor, traders ruidosos, Google trends, índice CAPEResumo
Este artigo investiga se variáveis de ruído, como tendências de preço e sentimento de mercado, atraem mais atenção desses investidores do que informações relacionadas a valor, como o índice preço-lucro. A literatura que investiga o papel dos investidores individuais nos mercados acionários forneceu vasta evidência sobre o desempenho dos investidores de varejo. No entanto, pouca atenção foi dada ao exame dos fatores que induzem esses investidores a negociarem. A principal motivação deste estudo é fornecer evidências para responder a essa pergunta. A evidência de que informações de investimento em valor são mais importantes para decisões de investimento do que parâmetros de ruído, e de que essa importância é mais aguda quando o mercado acionário se torna mais barato, indica que os investidores de varejo comumente baseiam seu processo de tomada de decisão em informações eficientes, o que é incompatível com o entendimento de que esses agentes tomam decisões de investimento ingênuas. As descobertas desafiam a suposição comum presente em vários modelos de investidores de ruído nos quais investidores individuais são candidatos naturais a investidores ingênuos, alinhando-se com uma vertente mais recente da literatura que documenta que investidores de varejo tomam decisões de investimento eficientes. Emprega-se um modelo OLS e uma abordagem de regressão quantílica. A variável dependente (atenção do investidor) é representada pelo volume de buscas do Google sobre pesquisas online em diferentes índices do mercado acionário. As variáveis independentes são sentimento de mercado (com base na pesquisa da American Association of Individual Investors), retorno de mercado e o índice CAPE de Robert Shiller. Os resultados sugerem que a dinâmica preço-lucro é mais importante na explicação das mudanças na atenção do que variáveis de ruído. Além disso, o sinal negativo exibido pela relação valor-atenção indica que os investidores individuais estão mais (menos) atentos às ações quando elas se tornam mais baratas (mais caras). Eu também demonstro que essa associação é mais representativa durante mercados em baixa, mas ausente durante períodos positivos, contradizendo o fato estilizado de que os investidores de varejo são uma força propulsora das bolhas.
Downloads
Referências
Baker, M., & Wurgler, J. (2007). Investor sentiment in the stock market. Journal of Economic Perspectives, 21(2), 129-151. https://doi.org/10.1257/jep.21.2.129
Barber, B. M., Odean, T., & Zhu, N. (2009). Do retail traders move the market? Review of Financial Studies, 22(1), 151-186. https://doi.org/10.1093/rfs/hhn035
Bauer, R., Cosemans, M., & Eichholtz, P. (2009). Option trading and individual investor performance. Journal of Banking & Finance, 33, 731-746. https://doi.org/10.1016/j.jbankfin.2008.11.005
Black, F. (1986). Noise. Journal of Finance, 41(3), 529-543. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.1986.tb04513.x
Bohemer, E., Jones, C., Zhang, X., & Zhang, X. (2021). Tracking retail investor activity. Journal of Finance, 76(5), 2249-2305. https://doi.org/10.1111/jofi.13033
Castro, J., & Piccoli, P. (2023). Do online searches actually measure future investor trades? International Review of Financial Analysis, 86, 102552. https://doi.org/10.1016/j.irfa.2023.102552
Chau F., Deesomsak, R., & Koutmos, D. (2016). Does investor sentiment really matter? International Review of Financial Analysis, 48, 221-232. https://doi.org/10.1016/j.irfa.2016.10.003
Chen, H., Cow, E., & Shiu, C. (2016). The informational role of individual investors in stock pricing: Evidence from large individual and small retail investors. Pacific-Basin Finance Journal, 31, 36-56. https://doi.org/10.1016/j.pacfin.2014.12.001
Cheng, F., Wang, C., Chiao, C., Yao, S., & Fang, Z. (2021). Retail attention, retail trades, and stock price crash risk. Emerging Markets Review, 49, 100821. https://doi.org/10.1016/j.ememar.2021.100821
Choi, J., Kedar-Levy, H., & Yoo, S. (2015). Are individual or institutional investors the agents of bubbles? Journal of International Money and Finance, 59, 1-22. https://doi.org/10.1016/j.jimonfin.2015.09.004
Da, Z., Engelberg, J., & Gao, P. (2011). In search of attention. Journal of Finance, 66(5), 1461-1499. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2011.01679.x
Dahlquist, M., Martinez, J., & Söderlind, P. (2017). Individual investor activity and performance. Review of Financial Studies, 30(3), 866-899. https://doi.org/10.1093/rfs/hhw093
De Long, J. B., Shleifer, A., Summers, L. H., & Waldmann, R. J. (1990). Noise trader risk in financial markets. Journal of Political Economy, 98(4), 703-738. https://doi.org/10.1086/261703
Fama, E. (1970). Efficient capital markets: A review of theory and empirical work. Journal of Finance, 25(2), 383-417. https://doi.org/10.7208/9780226426983-007
Farrell, M., Green, T., Jame, R., & Markov, S. (2022). The democratization of investment research and the informativeness of retail investor trading. Journal of Financial Economics, 145(2B), 616-641. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2021.07.018
Glossner, S., Matos, P., Ramelli, S., & Wagner, A. (2022). Do institutional investors stabilize equity markets in crisis periods? Evidence from COVID-19 [Working Paper]. European Corporate Governance Institute. https://doi.org/10.1287/mnsc.2022.03411
Herve, F., Zouaoui, M., & Belvaux, B. (2019). Noise traders and smart money: Evidence from online searches. Economic Modelling, 83, 141-149. https://doi.org/10.1016/j.econmod.2019.02.005
Hott, C. (2009). Herding behavior in asset markets. Journal of Financial Stability, 5, 35-56. https://doi.org/10.1016/j.jfs.2008.01.004
Kelley, E., & Tetlock, P. (2013). How wise are crowds? Insights from retail orders and stock returns. Journal of Finance, 68(3), 1229-1265. https://doi.org/10.1111/jofi.12028
Kelley, E., & Tetlock, P. (2017). Retail short selling and stock prices. Review of Financial Studies, 30(3), 801-834. https://doi.org/10.1093/rfs/hhw089
Lewellen, J. (2002). Momentum and autocorrelation in stock returns. Review of Financial Studies, 15(2), 533-563. https://doi.org/10.1093/rfs/15.2.533
Liu, S., Han, J. (2020). Media tone and expected stock returns. International Review of Financial Analysis, 70, 101522. https://doi.org/10.1016/j.irfa.2020.101522
Ozik, G., Sadka, R., & Shen, S. (2021). Flattening the illiquidity curve: Retail trading during the COVID-19 lockdown. Journal of Financial and Quantitative Analysis, 56(7), 2356-2388. https://doi.org/10.1017/S0022109021000387
Shiller, R. J. (2005). Irrational exuberance (2nd ed.). Princeton: Princeton University Press.
Shiller, R. J. (2014). Speculative asset prices. American Economic Review, 104(6), 1486-1517. https://doi.org/10.1257/aer.104.6.1486
Shleifer, A., & Summers, L. (1990). The noise trader approach to finance. Journal of Economic Perspectives, 4(2), 19-33. https://doi.org/10.1257/jep.4.2.19
Tetlock, P. (2007). Giving content to investor sentiment: The role of media in the stock market. Journal of Finance, 62(3), 1139-1168. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.2007.01232.x
Wang, Q., & Zhang, J. (2015). Does individual investor trading impact firm valuation? Journal of Corporate Finance, 35, 120-135. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2015.08.001
Welch, I. (2022). The wisdom of the Robinhood crowd. Journal of Finance, 78(3), 1489-1527. https://doi.org/10.1111/jofi.13128
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
O conteúdo do(s) artigo(s) publicados na RC&F são de inteira responsabilidade do(s) autores, inclusive quanto a veracidade, atualização e precisão dos dados e informações. Os autores cedem, antecipadamente, os direitos autorais à Revista, que adota o sistema CC-BY de licença Creative Commons. Leia mais em: https://creativecommons.org/licenses/.
A RC&F não cobra taxa para a submissão de artigos. A submissão de artigo(s) à RC&F implica na autorização do(s) autor(es) para sua publicação, sem pagamento de direitos autorais.
A submissão de artigos autoriza a RC&F a adequar o texto do(s) artigo(s) a seus formatos de publicação e, se necessário, efetuar alterações ortográficas, gramaticais e normativas.


