Microrrelevos
formas e processos pedogeomorfológicos com ênfase em gilgais em ambiente semiárido
DOI:
https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2024.225601Palavras-chave:
Argilas expansivas, Patterned ground, Microtopografia, Vertissolo, Solo e relevoResumo
Os microrrelevos estão presentes em diversos ecossistemas terrestres, inclusive em outros planetas, como Marte. Os microrrelevos podem ser indicadores de ambientes com maior presença de umidade, como encontrado em regiões semiáridas. Podem, ainda, serem indicadores da presença de argilas expansivas (2:1), de bioturbação ou da ocorrência de permafrost, estes em ambientes periglaciais. Na literatura nacional, há uma lacuna sobre os microrrelevos, sobretudo aos gilgais presentes no semiárido brasileiro. O objetivo desse estudo foi analisar a gênese, a morfologia e as feições associadas a microrrelevos, em distintos ambientes terrestres, com ênfase em gilgais em ambientes semiáridos, a partir de um estudo de revisão bibliográfica. Em áreas com microrrelevos, a pedoturbação ocorre de maneira generalizada, sendo associada ao congelamento, a bioturbação, ou a argilopedoturbação. Dessa forma, é marcante a abertura de caminhos preferenciais para a percolação hídrica (pelas fendas ou canais). Em ambientes tropicais semiáridos, o processo primordial para a gênese de gilgais está associado à presença de argilas expansivas de atividade alta e aos modelados de acumulação com maior ocorrência de ciclos de umedecimento e secagem. As paisagens com microrrelevos possuem em comum uma complexidade de processos pedológicos e geomorfológicos, que para serem melhor compreendidos necessitam de relações interescalares, do macro ao micro, e vice-versa.
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