Espaço geográfico e forças produtivas: argumentos em defesa da centralidade do conceito de técnica em Geografia
DOI:
https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2024.205349Palavras-chave:
Espaço geográfico, Técnica, Forças produtivasResumo
Neste artigo argumenta-se em defesa da centralidade da técnica no arcabouço metodológico geográfico. Para tanto, é sucintamente exposta parte da construção teórica de Milton Santos – cuja concepção de espaço geográfico norteia a presente exposição – em que o fenômeno técnico é discutido. Esta abordagem é complementada pela recuperação de formulações marxistas que destacam a primazia explicativa das forças produtivas: para tanto, recorre-se ao trabalho de G. A. Cohen em sua explicação tecnológica da história. Neste quadro, é indicado como pode ser detectada certa proximidade entre o conceito de técnica em Milton Santos e a categoria de forças produtivas tal como mobilizada por Gerald Cohen. É apresentado o entendimento de que as forças produtivas, em específico, e a técnica, em geral, devem ser tomadas como elementos relevantes para a abordagem crítica em geografia, constituindo-se enquanto princípio fecundo de método na compreensão do espaço, permitindo que a singularidade de um objeto técnico – em sua forma e função específica – seja considerada com referência às práticas sociais que lhes dão vida, abrindo margem para visualização dos processos e estruturas sociais. Também, ao longo da exposição procurou-se responder a algumas críticas endereçadas à proposta de centralidade da técnica em geografia encontrada no trabalho de Milton Santos.
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