O “acontecimento 1968” brasileiro: reflexões acerca de uma periodização da cultura de contestação estudantil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2021.168586Palavras-chave:
Época 1968, movimento estudantil, acontecimento, repertório, ditadura militarResumo
Ao longo das décadas de 1960 e 1970 pôde ser vista em escala mundial a eclosão de movimentos de contestação, oriundos de uma juventude engajada, cuja circulação de referências, atores e repertórios foi reinterpretada de acordo com as diferentes conjunturas nacionais, abrindo, dessa maneira, diferentes possibilidades de atuação para os movimentos estudantis, a saber, dentre outras: as guerras revolucionárias de libertação nacional; a rejeição da política tradicional; a defesa das universidades; a inclusão dos valores da contracultura e a emergência de novos movimentos sociais. A partir da produção historiográfica sobre o tema e utilizando documentos de naturezas diversas, o artigo reflete sobre a periodização da “época 68” do movimento estudantil brasileiro, analisando-a a partir de seu acontecimento, que possibilitou a ampliação do repertório de contestação contra a ditadura militar, mostrando como essas diferentes influências aparecem no caso brasileiro através das suas rupturas e continuidades.
Downloads
Referências
ARAÚJO, Maria Paula. A utopia fragmentada: as novas esquerdas no Brasil e no mundo na década de 1970. Rio de Janeiro: FGV, 2000.
ARENDT, Hannah. Sobre a violência. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
BONAVENA, Pablo Augusto; MILLÁN, Mariano (Comp.). Los ‘68 latinoamericanos: movimientos estudiantiles, política y cultura en México, Brasil, Uruguay, Chile, Argentina y Colombia. Buenos Aires: Universidad de Buenos Aires/Instituto de Investigaciones Gino Germani, 2018.
BRAUDEL, Fernand. Civilisation matérielle, économie et capitalisme. XV-XVIIIème. Paris: Armand Colin, 1979.
CODATO, Adriano. O golpe de 64 e o regime de 68. História: Questões e Debates, v. 40, p. 11-36, 2004.
CAMPOS FILHO, Romualdo. Guerrilha do Araguaia: a esquerda em armas. Goiânia: Editora da UFG, 1997.
DANIEL, Herbert. Meu corpo daria um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1984.
FAGUNDES, Pedro Ernesto. Anistia: das mobilizações das mulheres na ditadura militar às recentes disputas sobre o passado. Vitória: Milfontes, 2019.
FÁVERO, Maria de Lourdes de Albuquerque. A UNE em tempos de autoritarismo. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1995.
FICO, Carlos. Brasil: a transição inconclusa. In: FICO, Carlos; ARAÚJO, Maria Paula; GRIN, Mônica. Violência na história: memória, trauma e reparação. Rio de Janeiro: Ponteio, 2012. p. 25-38.
FRANK, Robert. Les temps de 68. In: FRANK, Robert. Les années 68, un monde en mouvement: nouveaux regards sur une histoire plurielle. Paris: Syllepse, 2008.
GARCIA, Miliandre. Do teatro militante à música engajada: a experiência do CPC da UNE. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2007.
GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. As ilusões armadas. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.
GORENDER, Jacob. Combate nas trevas. São Paulo: Ática, 1998.
HAGEMEYER, Rafael Rosa. Caminhando e cantando: o imaginário do movimento estudantil brasileiro de 1968. São Paulo: Edusp, 2016.
HARTOG, François. Régimes d’historicité: presentisme et expériences du temps. Paris: Seuil, 2003.
HOLLANDA, Heloísa Buarque. Impressões de viagem: CPC, vanguarda e desbunde, 1960/70. São Paulo: Brasiliense, 1980.
LACERDA, Gislene. As gerações de 1968 e 1977: memórias da resistência estudantil durante a ditadura militar brasileira. In: MÜLLER, Angélica (Org.). 1968 em movimento. Rio de Janeiro: FGV, 2018. p. 139-156.
MALIN, Mauro. Carlos Marighella. In: ABREU, Alzira Alves de et al. (Coord.). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro – pós-1930. Rio de Janeiro: CPDOC, 2010.
MARTINS FILHO, João Roberto. Movimento estudantil e ditadura militar (1964-1968). Campinas: Papirus, 1987.
MOTTA, Rodrigo Patto Sá. As universidades e o regime militar. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
MÜLLER, Angélica. Não se nasce viril, torna-se: juventude e virilidade nos “anos 68”. In: DEL PRIORE, Mary; AMANTINO, Márcia (Org.). História dos homens no Brasil. São Paulo: Unesp, 2013. p. 299-333.
MÜLLER, Angélica. O movimento estudantil na resistência à Ditadura Militar (1969-1979). Rio de Janeiro: Garamond, 2016.
NAPOLITANO, Marcos. Os festivais da canção como eventos de oposição ao regime militar (1966-1968). In: REIS FILHO, Daniel; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá (Org.). O golpe e a ditadura militar: 40 anos depois (1964-2004). Bauru: Edusc, 2004. p.203-216.
NAPOLITANO, Marcos. 1964: história do regime militar brasileiro. São Paulo: Contexto, 2014.
NAPOLITANO, Marcos. Coração civil: A vida cultural brasileira sob o regime militar, 1964 a 1985. Ensaio Histórico. São Paulo: Intermeios, 2018.
PALIERAKI, Eugénia. De Pékin à la Havane: la gauche radicale chilienne et ses révolutions, 1963-1970. Monde(s),n.11, p. 119-138, 2017.
PELLICCIOTTA, Mirza Maria Baffi. Uma aventura política: as movimentações estudantis dos anos 70. Dissertação (Mestrado em História) − Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas. Campinas,1997.
POERNER, Arthur. O poder jovem: história da participação política dos estudantes desde o Brasil colônia até o governo Lula. Rio de Janeiro: Booklink, 2004.
POMIAN, Krzysztof. L’ordre du temps. Paris: Gallimard, 1984.
RAMMINGER, Ignez Maria Serpa. Na guerra com batom. In: PADROS, Enrique Serra; BARBOSA, Vânia M.; LOPEZ, Vanessa Albertinence et al. (Org.). Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul (1964-1985): história e memória. 2. ed., rev. e ampl. Porto Alegre: Corag, 2010. p. 135-158.
REIS, Daniel Aarão. A revolução faltou ao encontro: os comunistas no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1990.
REIS, Daniel Aarão. Ditadura militar, esquerdas e sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
REIS, Daniel Aarão. Entre passado e futuro: os 40 anos de 1968. (mimeo), 2008.
REIS, Daniel Aarão. Ditadura e democracia no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
RIDENTI, Marcelo. A época de 1968: cultura e política. In: FICO, Carlos; ARAÚJO, Maria Paula (Org.). 1968, 40 anos depois: história e memória. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009. p. 81-90.
RIDENTI, Marcelo. O fantasma da revolução brasileira. São Paulo: Unesp, 2010.
ROLLEMBERG, Denise. Esquecimento de memórias. In: MARTINS FILHO, João Roberto (Org.). O golpe de 1964 e o regime militar: novas perspectivas. São Carlos: EdUFSCar, 2006. p. 81-91.
ROMANO, Claude. L’événement et le temps. Paris: Presses Universitaires de France, 2012.
ROSANVALLON, Pierre. L’Âge de l’autogestion ou la politique au poste de commandement. Paris: Seuil, 1976.
SALES, Jean Rodrigues. Partido Comunista do Brasil: definições ideológicas e trajetória política. In: RIDENTI, Marcelo; REIS FILHO, Daniel Aarão. (Org.). História do marxismo no Brasil: partidos e movimentos após os anos 1960. Campinas: Editora da Unicamp, 2007. v. 6, p. 63-103.
TILLY, Charles. Les origines du répertoire d’action collective contemporaine en France et en Grande-Bretagne. Vingtième Siècle, n. 4, p. 89-108, oct.1984.
TILLY, Charles; TARROW, Sidney. Politique(s) du conflit: de la grève à la révolution. Paris: SciencesPo, 2008.
VALLE, Maria Ribeiro. 1968: o diálogo é a violência: movimento estudantil e ditadura militar no Brasil. Campinas: Editora da Unicamp, 2008.
VENGOA, Hugo Fazio. Los años sesenta y sus huellas em el presente. Revista de Estudios Sociales, Bogotá [En línea], n. 33, p. 16-28, ago.2009.
WOLFF, Cristina Scheibe. Narrativas da guerrilha no feminino (Cone Sul, 1960-1985). História Unisinos, v. 13, n. 2, p. 124-130, 2009.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista de História
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ (CC BY). Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (veja O Efeito do Acesso Livre).