Imigrantes açorianos na transição da escravatura para o trabalho livre no Brasil (décadas de 1830 e 1840)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2022.181788Palavras-chave:
Imigração portuguesa, Escravatura branca, Trabalho assalariado, Açores, Companhias de imigraçãoResumo
A historiografia brasileira normalmente não inclui a imigração portuguesa e os fluxos migratórios anteriores a 1850 no processo de transição da mão de obra escrava para a livre no país. Este artigo demonstra que, na década de 1830, as elites brasileiras já se preparavam para atrair imigrantes e criar um mercado de trabalho assalariado no país. Em 1830, foi aprovado um projeto de Vergueiro para regulamentar os contratos de trabalho com imigrantes. No mesmo ano, o Senado rejeitou a concessão de terras a estrangeiros. Consagrado o modelo de imigração, formaram-se companhias particulares que transportavam portugueses despossuídos dos Açores para o Brasil, fenômeno que ficou conhecido como ‘escravatura branca’. Muitos desses imigrantes trabalhavam ao lado de africanos escravizados e disputavam com eles postos de trabalho, tendo, assim, participado ativamente do processo de transição da mão de obra escrava para a livre no Brasil.
Downloads
Referências
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Proletários e escravos: imigrantes portugueses e cativos africanos no Rio de Janeiro, 1850-1872. Novos Estudos do Cebrap. São Paulo, nº 21, 1998, p. 29-56.
ALEXANDRE, Valentim e DIAS, Jill (coords.). O Império Africano (1825-1890), Nova História da Expansão Portuguesa (vol. X). Lisboa: Editorial Estampa, 1998.
ALVES, Jorge Fernandes. Emigração Portuguesa: o exemplo do Porto nos meados do século XIX. Revista de História. Porto, vol. 9, 1991, p. 267-290.
ALVES, Jorge Fernandes. Os brasileiros: emigração e retorno no Porto oitocentista. Porto: Reunidos, 1994.
Carvalho, Marcus Joaquim Maciel. O ‘tráfico da escravatura branca’ para Pernambuco. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, 149 (358), jan./mar. 1988, p. 22-51.
CHALHOUB, Sidney. População e Sociedade. In: CARVALHO, José Murilo de. A construção nacional (1830-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 37-82.
COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Paulo: Editorial Grijalbo, 1977.
Cravo, Télio Anísio, RODRIGUES, Pedro e GODOY, Marcelo. Imigração internacional e contratos de trabalho no Império do Brasil: colonos europeus na construção de estradas na década de 1830. Almanack, Guarulhos, n. 25, p. 1-34, 2020. http://dx.doi.org/10.1590/2236-463325ea00519.
FLORENTINO, Manolo e MACHADO, Cacilda. Imigração portuguesa e miscigenação no Brasil nos séculos XIX e XX: um ensaio. In: LESSA, Carlos (org.). Os lusíadas na aventura do Rio Moderno. Rio de Janeiro: Editora Record, 2002, p. 91-116.
FLORENTINO, Manolo. Em costas negras: uma história do tráfico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séc. XVIII e XIX). São Paulo: Editora Unesp, 2014.
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
GEBARA, Ademir. O mercado de trabalho livre no Brasil (1871-1888). São Paulo, Brasiliense, 1986.
HOLANDA, Sérgio Buarque de (dir.). História da Civilização Brasileira. Tomo II – O Brasil Monárquico. 3º volume – Reações e Transações. 2ª ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1969.
LAGO, Luiz Aranha Corrêa do. Da escravidão ao trabalho livre. Brasil, 1500-1900. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
LAMOUNIER, Maria Lúcia. Formas de transição da escravidão ao trabalho livre. A lei de locação de serviços de 1879. Dissertação, Mestrado em História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, 1986.
MACHADO, Igor José de Renó. O ‘brasileiro de torna-viagens’ e o lugar do Brasil em Portugal. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 1, nº 35, 2005, p. 47-67.
MARQUES, João Pedro. Os sons do silêncio: o Portugal de oitocentos e a abolição do tráfico de escravos. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 1999.
Meléndez, José Juan Pérez. The business of peopling: colonization and politics in Imperial Brazil (1822-1860). Tese, Doutorado em História, Faculty of the Division of Social Sciences, University of Chicago, 2016.
Meléndez, José Juan Pérez. Reconsiderando a política de colonização no Brasil Imperial: os anos da regência e o mundo externo. Revista Brasileira de História, São Paulo, vol. 34, nº 68, 2014, p. 36-60. https://doi.org/10.1590/S0102-01882014000200003
MENDES, Felipe Landim Ribeiro. Ibicaba revisitada outra vez: espaço, escravidão e trabalho livre no oeste paulista. Anais do Museu Paulista: história e cultura material, São Paulo, vol. 25, nº 1, 2017, p. 301-357. https://doi.org/10.1590/1982-02672017v25n0112.
MENDES, José Sacchetta Ramos. Laços de sangue: privilégios e intolerância à imigração portuguesa no Brasil (1822-1945). Porto: Fronteira do Caos, 2010.
MENDONÇA, Joseli Maria Nunes. Leis para os que se irão buscar – imigrantes e relações de trabalho no século XIX brasileiro. História: questões e debates, Curitiba, n. 56, jan./jun. 2012, p. 63-85. http://dx.doi.org/10.5380/his.v56i1.28640
NEEDELL, Jeffrey. The Party of Order. The conservatives, the State and slavery in Brazilian Monarchy (1831- 1871). Califórnia: Standford University Press, 2006.
PARRON, Tâmis Peixoto. A política da escravidão no Império do Brasil (1826-1865). Dissertação, Mestrado em História Social, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2009.
Parron, Tâmis Peixoto. Política do tráfico negreiro: o Parlamento imperial e a reabertura do comércio de escravos na década de 1830. Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, ano 29, nº 1/2/3, jan./dez. 2007, p. 91-121.
PRADO JUNIOR, Caio. História econômica do Brasil. 18ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1976.
RIBEIRO, Gladys Sabina. A liberdade em construção. Identidade nacional e conflitos antilusitanos no primeiro Reinado. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Faperj, 2002.
SILVA, Susana Serpa. A emigração açoriana para o Brasil por meados do século XIX e a questão da ‘escravatura branca’. História: questões e debates, Curitiba, n. 56, jan./jun. 2012, p. 37-61.
SILVA, Susana Serpa. Emigração legal e clandestina nos Açores de oitocentos (da década de 1830 a meados da centúria. In: Sousa, Fernando et al (coords.). Nas duas margens: os portugueses no Brasil. Porto: Edições Afrontamento e CEPESE, 2009, p. 381- 400.
STOLCKE, Verena e HALL, Michael. A introdução do trabalho livre nas fazendas de café de São Paulo. Revista Brasileira de História, São Paulo, vol. 3, nº 1984, p. 80-120.
WITTER, José Sebastião. Ibicaba Revisitada. In: SZMRECSÂNYI, Tamás e LAPA, José Roberto do Amaral (orgs.). História econômica da Independência e do Império. 2ª ed. São Paulo: Hucitec; Edusp, 2002, p. 131- 144.
WITTER, José Sebastião. Um estabelecimento agrícola do estado de São Paulo nos meados do século XIX. Revista de História, São Paulo, vol. 48, nº 98, 1974, p. 393-467. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.1974.132210
![](https://revistas.usp.br/public/journals/54/submission_181788_139578_coverImage_pt_BR.png)
Publicado
Edição
Seção
Licença
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ (CC BY). Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (veja O Efeito do Acesso Livre).