De símbolos da opressão a padrões da liberdade: a preservação de pelourinhos coloniais e o apagamento da memória da escravidão (sécs. XVI-XX)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2022.188402Palavras-chave:
pelourinhos, patrimônio histórico, história urbana, museus, escravidãoResumo
No Brasil, permanece ainda bastante desconhecida a história dos pelourinhos coloniais. As menções feitas a eles, geralmente em monografias locais ou em manuais de História Urbana, costumam basear-se em generalizações imprudentes de alguns poucos exemplos mais bem conhecidos ou em meras pressuposições. Diante da impossibilidade de traçar um panorama geral da história dos pelourinhos brasileiros, o presente artigo pretende estabelecer uma linha interpretativa sobre o seu significado no âmbito da cultura urbanística luso-brasileira e sobre os contextos que influíram na sua destruição ao longo do século XIX. Em seguida, busca-se analisar como a sua transformação em relíquias históricas, preservadas in situ ou em museus, contribuiu para o apagamento da memória da escravidão.
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