A “questão penitenciária” no Rio Grande do Sul como arma política contra o Império (1884-1889)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2023.195459

Palavras-chave:

A Federação, Rio Grande do Sul, questões penitenciárias, Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), Império

Resumo

O presente artigo analisa como o Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), fundado em 23 de fevereiro de 1882, instrumentalizou politicamente as mazelas e negligências penal-carcerárias no Rio Grande do Sul, entre 1884 e 1889, a partir das páginas do jornal A Federação, contra o Estado imperial. Busca-seesclarecer como a gestão penitenciária da província alimentou ataques não somente aos representantes da coroa, como também ao próprio regime monárquico,a partir derelatórios, denúncias, queixas, memorandos, testemunhos de diferentes instituições e indivíduos acerca das condições higiênicas, de segurança, administração, ordem e moralidade vivenciadas pelasprisões sul-rio-grandenses ou em torno delas. Através de um levantamento exaustivo desses testemunhos, alguns dos quais transcritos de outros jornais interioranos e publicanos no órgão oficial da legenda, foi possível perceber como as lideranças do PRR construíram habilmente um discurso propositivo crítico sobre esse ramo da administração da justiça, em detrimento das (des)atenções recebidas das autoridades responsáveis do executivo provincial.

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Biografia do Autor

  • Tiago da Silva Cesar, Universidade Católica de Pernambuco

    Doutor em História pela Universidad de Córdoba (UCO/ES). Professor do Curso de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Católica de Pernambuco (PPGH-UNICAP).

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Publicado

2023-12-01

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Artigos

Como Citar

CESAR, Tiago da Silva. A “questão penitenciária” no Rio Grande do Sul como arma política contra o Império (1884-1889). Revista de História, São Paulo, n. 182, p. 1–29, 2023. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2023.195459. Disponível em: https://revistas.usp.br/revhistoria/article/view/195459.. Acesso em: 9 maio. 2024.