Trágicas heroínas, meretrizes e criadas ladras: visualidades criminais e narrativas de violência contra mulheres no periodismo policial carioca (1918-1934)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.221977

Palavras-chave:

Violência de gênero, Periodismo policial, Narrativas, Imagens, Indisciplina feminina

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar as narrativas e visualidades a respeito da violência de gênero em três revistas policiais, o Archivo Vermelho, a Vida Policial e a Revista Criminal, publicadas no Rio de Janeiro entre os anos de 1918 e 1934. Apesar de algumas especificidades, as revistas preservam semelhantes discursos concentrados na exposição de vítimas em situação de vulnerabilidade, responsabilização das mulheres pela violência sofrida e a relação dos crimes com as mudanças sociais experienciadas no período. Além do conteúdo informativo e da propagação de assuntos policiais, os periódicos dedicaram atenção as relações de gênero em disputa na época, destinando análises e imagens sobre a morte de mulheres e a indisciplina feminina que, neste estudo, pretendemos explorar.

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Biografia do Autor

  • Caroline Farias Alves, Universidade Estadual de Campinas

    Doutoranda em História Cultural pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

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2024-09-10

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ALVES, Caroline Farias. Trágicas heroínas, meretrizes e criadas ladras: visualidades criminais e narrativas de violência contra mulheres no periodismo policial carioca (1918-1934). Revista de História, São Paulo, n. 183, p. 1–33, 2024. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.221977. Disponível em: https://revistas.usp.br/revhistoria/article/view/221977.. Acesso em: 18 nov. 2024.

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