Aldeamentos guaranis e kaingangs e a questão das terras indígenas no Rio Grande do Sul Imperial (1845-1870)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2025.227339

Palavras-chave:

aldeamento, Lei de Terras, Brasil Império, terras indígenas, conflito agrário

Resumo

Esse artigo apresenta um mapeamento inédito dos processos de formação e dissolução dos aldeamentos guaranis e kaingangs no Rio Grande do Sul imperial, especialmente após o Regulamento das Missões de 1845. Também demonstra os impactos da Lei de Terras de 1850 nos conflitos envolvendo territórios indígenas, que resultaram na perda das terras dos aldeamentos. Apesar dos resultados majoritariamente deletérios das políticas fundiárias para as populações nativas, houve forte resistência por parte dos indígenas na manutenção de seus territórios. A pesquisa apresenta algumas das estratégias indígenas diante do esbulho de suas terras: conformação de alianças com autoridades, violência aberta, deslocamentos, negociações com o presidente da província e reinvindicações legais.

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Biografia do Autor

  • Isadora Talita Lunardi Diehl, Universidade de Brasília

    Pós-doutoranda, Programa de Pós-graduação em História, Instituto de Ciências Humanas, Universidade de Brasília (UNB) – Brasília – Distrito Federal, Brasil. Bolsista do Pós-doutorado Júnior (PDJ 2023) – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Cnpq (Processo: 150049/2024-2).

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2025-04-23

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LUNARDI DIEHL, Isadora Talita. Aldeamentos guaranis e kaingangs e a questão das terras indígenas no Rio Grande do Sul Imperial (1845-1870). Revista de História, São Paulo, n. 184, p. 1–27, 2025. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2025.227339. Disponível em: https://revistas.usp.br/revhistoria/article/view/227339.. Acesso em: 23 jun. 2025.

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