Uma revolução de hombres jóvenes: as revolucionárias brasileiras no treinamento guerrilheiro em Cuba (1968-1971)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2024.214776Palabras clave:
luta armada, guerrilha, mulheres, comunismo, subjetividadeResumen
Animado pela efeméride dos 70 anos do assalto ao quartel Moncada, início do processo revolucionário cubano, este artigo tem por objetivo analisar a relação entre as mulheres brasileiras que se empenhavam na luta armada contra a ditadura civil-militar e o treinamento guerrilheiro realizado em Cuba. Através da subjetividade da mulher militante, busca-se preencher uma lacuna historiográfica sobre as relações entre Cuba – e seu modelo revolucionário – e as organizações revolucionárias brasileiras. Embora de forma minoritária, as mulheres marcaram presença nos grupos brasileiros que realizaram treinamento na ilha a partir de 1964. Nele, sentiam as pressões e “mal-estares sem nome” diante de um modelo revolucionário e, especialmente, de um modelo militante pautado em uma perspectiva androcêntrica. Objetiva-se, portanto, lançar luz às clivagens de gênero e dificuldades impostas às revolucionárias brasileiras no contexto de predominância do foquismo cubano como estratégia revolucionária.
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Referencias
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