Os primeiros subministros musicais do Brasil para o Rio da Prata. A reciprocidade musical entre o Brasil e o Prata. A música nas ações bélicas (de 1750 até 1855 - aproximadamente)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.v0i112p381-417Palabras clave:
Rio da Prata, Argentina colonial, MúsicaResumen
(primeiro parágrafo do texto)
Não se sabe exatamente quando começou o Brasil a fornecer músicos para a Argentina colonial. Em realidade, este país se achava povoado por um número maior de portugueses do que o leitor poderá imaginar. Houve prateiros e marceneiros em Buenos Aires e Córdoba durante o período colonial, destacando-se estes artífices pelo primor dos seus trabalhos. Nas minhas pesquisas em Córdoba achei até a presença dum médico português. Também houve muitos Padres portugueses no clero regular ou conventual, especialmente entre os da Ordem Seráfica de São Francisco. Ainda hoje se encontram nos velhos mosteiros do Interior, pertencentes a esta grei de mendicantes, livros portugueses de Canto Chão, levados consigo para uso diário, ou comprados pela Província da Ordem, como o Theatro Ecclesiastico e Manual de Missas, de Frei Domingos do Rosário e o Processionale, ac Rituale Romano-Seraphicum ad usum Fratrum, ac Monialum S. Francisci, publicado em Lisboa em 1780. O anterior teve grande popularidade e chegou a muitas edições. E isto, certamente, não exclui a possibilidade de se ter trazido em data anterior tais livros, ou edições anteriores, que desapareceram posteriormente das Bibliotecas por excesso de uso ou por acidentes diversos. Também devemos lembrar que as primeiras penetrações da Companhia de Jesus se levaram a efeito quase simultâneamente, vindo uma do Brasil e a outra do Peru e Alto Peru (hoje Bolívia). E que os paulistas chegaram até as pacíficas Missões ou Reduções de Indios, maravilhosamente civilizados após a sua catequese, levando com eles milhares de guaranis, homens, mulheres e crianças, para os empregar na escravidão. Entre estes foram, sem dúvida, muitos cantores e instrumentistas que havia em cada povo e que se fizeram famosos na Argentina colonial e fora de suas fronteiras, pela sua exclusiva dedicação à arte musical em conjuntos que ultrapassavam oitenta e mais intérpretes e grupos de magníficos dançantes.
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