Dos efeitos de um exílio: Moses Finley na Inglaterra
DOI :
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2017.127336Mots-clés :
exílio de intelectuais, M. I. Finley, Estudos ClássicosRésumé
Analisam-se aqui os significados da expatriação para a trajetória de Moses I. Finley (1912-1986), historiador de origem estadunidense ao qual se atribui um papel importante na reconfiguração dos estudos de História Antiga Greco-Romana na Inglaterra. Começa-se por uma caracterização do êxito acadêmico do personagem em questão, acompanhada de uma crítica à maneira como os pares de Finley ligam esse êxito à condição de exilado. Procede-se em seguida a uma descrição das condições da ida para a Inglaterra, em um primeiro movimento de apresentação dos traços pertinentes à compreensão da trajetória do historiador. A isso sucede um exame de certas marcas das obras de Finley do início dos anos 1950 que contribuem para regular sua inscrição no universo social dos classicistas da Inglaterra. Por fim, procura-se mapear constrangimentos e possibilidades postos a Finley devido à sua condição de “estrangeiro” (ou de historiador estrangeirado) no mundo acadêmico britânico, com o que se espera invocar elementos de algum modo úteis para a discussão de tipos análogos de exílio.
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