"Chegou a hora de na imprensa apresentar-nos": mulheres e os óbices profissionais no jornalismo, Rio de Janeiro, século XIX

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2022.194296

Mots-clés :

Mulheres Intelectuais, imprensa, gênero, século XIX, Bello Sexo

Résumé

O artigo almeja discutir os labores profissionais de mulheres na imprensa do século XIX, no Rio de Janeiro, especialmente o caso de Júlia de Albuquerque Sandy Aguiar. Dentro das epistemologias feministas, buscamos elencar a constituição de desigualdades e hierarquias que excluiu as mulheres do acesso igualitário ao universo impresso, isto é, trabalhadoras dos quadros pessoais dos jornais e com remuneração adequada. Como em meados do século isso foi impossível, a saída encontrada foi a criação de seus próprios jornais, em que temas relacionados a suas reivindicações despontam como centrais, seguido a uma busca por valorização e remuneração adequadas. Utilizamos como fonte o jornal Bello Sexo, publicado em 1862, para guiar nossas conclusões, uma vez que nele é possível constatar uma série de questões relacionadas às dificuldades no trabalho jornalístico para mulheres.

##plugins.themes.default.displayStats.downloads##

##plugins.themes.default.displayStats.noStats##

Biographie de l'auteur

  • Cristiane Ribeiro, Universidade Estadual de Campinas

    Doutoranda em História Social da Cultura (CECULT) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Références

A FORMIGA. Rio de Janeiro. Anos 1862 e 1863. Edições n. 1, 4, 6 e 22. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=239232&Pesq=%22Joaquim%20Bernardino%22&pagfis=1. Acesso em: 10 dez. 2021.

ALVARADO, Lourdes. La prensa como alternativa educativa para las mujeres de principios del siglo xix. In: AIZPURU, Pilar Gonzalbo (org.). Familia y educación en Iberoamérica. Cidade do México: El Colégio de Mexico, 1999. p. 267-284.

BARBOSA, Everton. Páginas de sociabilidade feminina: sensibilidade musical no Rio de Janeiro oitocentista. Dissertação de mestrado, História, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2016.

BELLO SEXO. Rio de Janeiro. Edições do ano 1862. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=736902&pesq=&pagfis=1. Acesso em: 20 nov. 2021.

BILLINGS, Elden E. Early women journalists of Washington. Historical Society of Washington, Washington, v. 66/68, p. 84-97, 1968. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/40067249?seq=1. Acesso em: 30 mar. 2022.

CIDADE DO RIO. Rio de Janeiro. Ano 1892. Disponível no Caderno de recortes de jornais sobre o falecimento de Corina Coaracy. Referência: BR RJFCRBAMLB C.Cy Dc 1. Fundação Casa Rui Barbosa, Rio de Janeiro, Consulta in loco.

DAVIS, Ângela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

DUARTE, Constância L. Arquivos de mulheres e mulheres anarquivadas: histórias de uma história mal contada. Revista Gênero, Niterói, v. 9, n. 2, p. 11-17, 2009. Disponível em: https://periodicos.uff.br/revistagenero/article/view/30901. Acesso em: 28 mar. 2022. DOI: https://doi.org/10.22409/rg.v9i2.78.

DUARTE, Constância L. Imprensa feminina e feminista no Brasil século XIX. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. Dicionário ilustrado.

FANINI, Michele Asmar. Fardos e fardões: mulheres na Academia Brasileira de Letras (1897-2003). Tese de doutorado, Sociologia, Universidade de São Paulo, 2009.

FONTANA, Michèle. George Sand fecit soi-meme: George Sand face à sa caricature. In: THÉRENTY, Marie-Eve (org.). George Sand Journaliste. Saint Étienne: Publications de l’Université de Saint Étienne, 2011. p. 237-257.

GAZETA DE NOTÍCIAS. Rio de Janeiro. Ano 1884. Edição n. 320. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=103730_02&pasta=ano%20188&pesq=&pagfis=7811. Acesso em: 10 jan. 2022.

HOLANDA, Heloísa Buarque. Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.

HOOKS, bell. E eu não sou uma mulher?: mulheres negras e feminismo. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2020.

HOOKS, bell. Mulheres negras: moldando a teoria feminista. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 16, p. 193-210, jan./abr. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcpol/a/mrjHhJLHZtfyHn7Wx4HKm3k/abstract/?lang=pt. Acesso em: 21 dez. 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-335220151608.

JORNAL DAS SENHORAS. Rio de Janeiro. Ano 1855. Edição n. 44. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=700096&pesq=&pagfis=1831. Acesso em: 15 dez. 2021.

KIRKPATRICK, Kate. Simone de Beauvoir: uma vida. Tradução de Sandra Martha Dolinsky. São Paulo: Planeta do Brasil, 2020.

LERNER, Gerda. A criação do Patriarcado: história da opressão das mulheres pelos homens. São Paulo: Cultrix, 2019.

LERNER, Gerda. Placing women in History: definitions and challenges. Feminist Studie, Autumn, [s.l.], v. 3, n. 1/2, p. 5-14, 1975. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/3518951?origin=crossref. Acesso em: 2 jan. 2022. DOI: https://doi.org/10.2307/3518951.

MELO, Jeane Carla Oliveira de. Uma historiografia do esquecimento: o memoricídio e as práticas de escritura histórica de mulheres no século XIX. In: BUENO, André; ESTACHESKI, Dulceli de Lourdes Tonet; ZARBATO, Jaqueline. (org.). Ensino de História e estudos de gênero. Rio de Janeiro; Nova Andradina: Sobre Ontens; UFMS, 2020. p. 231-237.

MUZART, Zahidé L. (org.). Escritoras brasileiras do século XIX: antologia. Florianópolis: Mulheres; Santa Cruz do Sul; EDUNISC (v. 1, 1999, 960 p.; v. 2, 2004, 1184 p.; v. 3, 2009, 1144 p.).

MUZART, Zahidé Lupinacci. Uma espiada na imprensa das mulheres do século XIX. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 11, p. 225-233, 2003. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2003000100013. Acesso em: 31 mar. 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2003000100013.

NERY, Gabriela. Literatos em escritórios de jornais: jornalismo, literatura e trabalho (1883-1908). Art Cultura, Uberlândia, v. 23, p. 66-83, 2021. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/artcultura/article/view/61852. Acesso em: 5 abr. 2022. DOI: https://doi.org/10.14393/artc-v23-n42-2021-61852.

NERY, Gabriela. Nos escritórios da rua do Ouvidor: a imprensa e o ofício dos jornalistas na passagem do Segundo Reinado a Primeira República (1875-1891). Revista IHGB, Rio de Janeiro, ano 182, n. 485, p. 111-138, jan./abr. 2021.

O PAIZ. Rio de Janeiro. Ano 1891. Edição n. 3355. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=178691_02&pasta=ano%20189&pesq=&pagfis=3387. Acesso em: 15 jan. 2022.

OLIVEIRA, Michelle Roxo de; ASSIS, Francisco. Mulheres jornalistas, movimento sindical e ações afirmativas de gênero. In: SANTOS, Marli; TEMER, Ana Carolina Rocha Pessôa (org.). Mulheres no jornalismo: práticas profissionais e emancipação social. São Paulo: Cásper Líbero, 2018. p. 153-180.

PERROT, Michele. Qu’-est-ce qu’um métier femme? Le Mouvement Social, [s.l.], n. 140, p. 3-8, 1987. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/3778672. Acesso em: 20 jan. 2022. DOI: https://doi.org/10.2307/3778672.

PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Florianópolis: Edusc, 2005.

PLANTÉ, Christine. La place des femmes dans l’histoire littéraire: annexe, ou point départ d’une relecture critique? Revue d’Histoire Littéraire de la France, [s.l.], v. 103, p. 655-668, 2003. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/40534996. Acesso em: 18 jan. 2022.

PRIMI, Alice. La “porte entrebâillée du journalisme”, une brèche vers la cité? Femmes, presse et citoyenneté em France, 1830-1870. Le Temps des Media, [s.l.], n. 12, p. 28-40, 2009. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-le-temps-des-medias-2009-1-page-28.htm. Acesso em: 12 jan. 2022. DOI: https://doi.org/10.3917/tdm.012.0028.

RAGO, Margareth. Epistemologia feminista, gênero e história. In: PEDRO, Joana; GROSSI, Mirian (org.). Masculino, feminino, plural. Florianópolis: Mulheres, 1998.

RIBEIRO, Cristiane de Paula. “A vida caseira é a sepultura dos talentos”: gênero e participação política nos escritos de Anna Rosa Termacsics dos Santos (1850-1886). Dissertação de mestrado, História, Universidade Federal de Juiz de Fora, 2019.

RIBEIRO, Cristiane de Paula. “Não arrepiaremos na carreira encetada”: gênero e trabalho na profissionalização da jornalista (século XIX, Rio de Janeiro). Anais do Ciclo Virtual Internacional de Comunicações de História Política, Porto, v. 1, p. 943-953, 2021.

SANTOS, Anna Rosa Termacsics. Tratado sobre emancipação política da mulher e direito de votar. Brasília: Edições Câmara, 2022.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Revista Educação e Realidade, Porto Alegre, p. 71-99, 1995. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acesso em: 20 dez. 2021.

SEMANA ILLUSTRADA. Rio de Janeiro. Ano 1872. Edição n. 629. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=702951&pasta=ano%20187&pesq=&pagfis=5036. Acesso em: 1 abr. 2022.

SMITH, Bonnie G. Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica. São Paulo: EDUSC, 2003.

TELLES, Norma. Autor+a. In: JOBIM, José Luís (org.). Palavras da crítica: tendências e conceitos no estudo da Literatura. Rio de Janeiro: Imago, 1992. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistaXIX/article/view/21404. Acesso em: 1 abr. 2022.

THÉRENTY, Marie-Ève. Femmes de presse, femmes de letres: de Delphine de Girardin à Florence Aubenas. Paris: CNRS Éditions, 2019.

Publiée

2022-07-07

Numéro

Rubrique

Política, Imprensa e Movimentos Sociais

Comment citer

RIBEIRO, Cristiane. "Chegou a hora de na imprensa apresentar-nos": mulheres e os óbices profissionais no jornalismo, Rio de Janeiro, século XIX. Revista de História, São Paulo, n. 181, p. 1–25, 2022. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2022.194296. Disponível em: https://revistas.usp.br/revhistoria/article/view/194296.. Acesso em: 21 nov. 2024.

##plugins.generic.funding.fundingData##