Dimensão da população indígena incorporada ao Estado do Maranhão e Grão-Pará entre 1680 e 1750: uma ordem de grandeza
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.163670Palavras-chave:
Amazônia colonial, Metodologia, população, trabalho indígena, escravidãoResumo
Este artigo estima o número de índios incorporados à sociedade colonial do Estado do Maranhão e Grão-Pará entre 1680 e 1750. Para tanto, reunimos dados e informações de fontes diversas, organizados em função da categoria laboral, ou estatuto jurídico, pelo qual os indígenas se integravam. Desses dados, extraímos números e produzimos cálculos, realizando algumas projeções quando necessário. Por fim, comparamos as estimativas dos documentos de época com os resultados obtidos por nossos cálculos. Em um esforço inédito, o presente artigo apresenta uma metodologia para cômputo de fluxo populacional, desenvolvida em função da natureza das fontes e dos dados, bem como os resultados de nossos cálculos sobre a população indígena livre e escrava recrutada – por vias legais e ilegais – ao longo de 70 anos, momento de intensa integração da Amazônia colonial ao comércio atlântico.
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