O giro decolonial nas artes e a disputa em torno do espaço da arte indígena

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8354.v18i18p72-95

Palavras-chave:

arte contemporânea, indígenas, decolonial, antropofagia, curadoria

Resumo

Cada vez mais curadorias e exposições artísticas têm se voltado para questões identitárias e etnográficas buscando dar maior visibilidade a sujeitos e obras até então considerados “menores”, e também realizar uma espécie de autorreflexão sobre os princípios que lhes garantiam existência e legitimidade - processo nomeado por alguns autores como giro decolonial das artes. Ao se voltar para os modos de representação e a autoria de indígenas em duas exposições de arte contemporâneas, a 24ª Bienal de São Paulo (1998) e a Histórias Mestiças (2014), este artigo objetiva refletir sobre os limites e potencialidades desse processo, ainda em curso no meio artístico nacional e internacional.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Jessica Seabra, Centro Universitário de Várzea Grande

    É doutora e mestre pelo Programa de Pós-Graduação do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU-USP), onde também obteve seu diploma de arquiteta e urbanista. Suas pesquisas acadêmicas se concentram nas Áreas de Teoria, Crítica e História da Arte e Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo. É pesquisadora associada do NEC - Núcleo de Estudos das Espacialidades Contemporâneas do IAU-USP, no eixo de pesquisa "Economia Política da Cultura e da Arte"; e é professora pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG), vinculada à Linha de pesquisa "Desenvolvimento territorial e local", e associada ao Grupo de Pesquisa "Direito à Cidade: Dinâmicas socioespaciais".  No âmbito acadêmico, tem investigado a relação entre arquitetura e/ou arte contemporânea e seus agentes e instituições, bem como os processos de mediação cultural e artística, especialmente a curadoria contemporânea de arte. 

  • Lara Brisante Fernandes, Universidade de São Paulo. Instituto de Arquitetura e Urbanismo

    Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (PPGAU-IAU-USP), na linha de pesquisa Cidade, Arte e Cultura, integrante do grupo de pesquisa Núcleo de Estudos das Espacialidades Contemporâneas (NEC-USP), sob orientação do Prof. Dr. Ruy Sardinha Lopes. Graduada em Arquitetura e Urbanismo no Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU-USP, São Carlos-SP, Brasil). Realizou Iniciação Científica, com financiamento do Programa Unificado de Bolsas (PUB-USP), sob orientação do Prof. Dr. Ruy Sardinha Lopes, com o título "CORPOS QUE (NÃO) IMPORTAM: exposições e curadores indígenas no Brasil" no período 2021-2022, sendo atribuída Menção Honrosa pela apresentação na Etapa Internacional do 30 SIICUSP, em 2022.

  • Ruy Sardinha Lopes, Universidade de São Paulo. Instituto de Arquitetura e Urbanismo

    Professor Doutor no Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo- IAU-USP, e da área de concentração Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo, do Programa de Pós-Graduação deste Instituto. Pesquisador do Programa Ano Sabático doInstituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, IEA-USP (2024). Líder do Grupo de Pesquisa Núcleo de Estudos das Espacialidades Contemporâneas, NEC-USP https://www.iau.usp.br/pesquisa/grupos/nec/index.php/nec-2/) e do Grupo de Pesquisa do IEA-USP Arte, Ciência e Tecnologia, ACT. Pesquisador do GT Economía política de la información, la comunicación y la cultura do Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO).

    Gestão Institucional: Vicepresidente da Comissão de Inclusão e Pertencimento do IAU-USP. Editor adjunto da Revista Latinoamericana de ciencias de la comunicación (Revista ALAIC).

    Formação: Bacharel (1987), mestre (1995) e doutor em Filosofia (2006) pela FFLCH-USP. Experiência acadêmica e profissional: área de estética; história da arte e da arquitetura; economia política da cultura, da comunicação e da informação; cultura contemporânea, filosofia e história da tecnologia, atuando principalmente nos seguintes temas: economia política da cultura e da comunicação, cultura e artes contemporâneas, políticas culturais, economia da arte. Foi vice-presidente e presidente da Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas da Comunicação (SOCICOM), nos períodos de 2014-2016 e 2016-2018, respectivamente; presidente do Capitulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC-Br), de 2010 a 2014 e Vice-Presidente da Unión Latina de Economía Política de la Información, la Comunicación y la Cultura (ULEPICC - Federación), de 2013 a 2015, Ex-presidente da Comissão de Cultura e Extensão do IAU (2016-2018). Editor-chefe da Revista eletronica Internacional de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (Revista Eptic), de 2012 a 2020.

Referências

BIBLIOGRAFIA CITADA

ANDRADE, Oswald de. A utopia antropofágica. São Paulo: Globo; Secretaria de Estado da Cultura, 1990.

BELUZZO, Ana Maria. Trans-posições. In: FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO (org.). XXIV Bienal de São Paulo: núcleo histórico: antropofagia e histórias de canibalismos. São Paulo: A Fundação, 1998.

FOSTER, Hal. The artist as ethnographer. In: FISHER, J. (org.). Global visions: towards a new internationalism in the visual arts. London: Kala Press, 1994.

FREIRE, Cristina. Colonial unconscious on display. The Exhibitionist: Journal on Exhibition Making, n. 11, jul. 2015.

GUASCH, Anna Maria Guasch. El afianzamiento teórico de lo poscolonial y lo periférico. In: GUASCH, Anna Maria Guasch. El arte en la era de lo global, 1989 - 2015. Madri: Alianza Editorial, 2016.

HERKENHOFF, Paulo. Introdução geral. In: BIENAL DE SÃO PAULO (org.). 24ª Bienal de São Paulo: Núcleo Histórico I. São Paulo: Fundação Bienal, 1998.

HERKENHOFF, Paulo; PEDROSA, Adriano. The Brazilian curator private / The Carioca curator. TRANS>, n. 6, 1999, s.p.

HUNI KUIN, Ibã Sales. Nixi pae. O espírito da floresta. Rio Branco: CPI/OPIAC, 2006

GÓMEZ, Pedro P.; MIGNOLO, Walter D. De la decolonialidad. In: GÓMEZ, Pedro P.; MIGNOLO, Walter D. (org.). Estéticas decoloniales [recurso eletrônico]. Bogotá: Universidade Distrital Francisco José de Caldas, 2012

LAGNADO, Lisette. Antropophagy as cultural strategy: the 24th Bienal de São Paulo. In: LAGNADO, Lisette et al. (org.). Cultural anthropophagy: the 24th Bienal de São Paulo 1998. Londres: Afterall Exhibition Histories, 2015. v. 4, p. 58-64.

MIGNOLO, Walter. The darker side of Western modernity: global futures, decolonial options. Durham e Londres: Duke University Press, 2011.

PEDROSA, Adriano. Histórias mestiças são histórias descolonizadoras. In: PEDROSA, Adriano; SCHWARCZ, Lilia (orgs.). Histórias mestiças –

Catálogo. Rio de Janeiro: Cobogó, 2015.

PEDROSA, Adriano; SCHWARCZ, Lilia (orgs.). Histórias mestiças – Catálogo. Rio de Janeiro: Cobogó, 2015.

SOARES, Victor V. F. Z. Alteridade e decolonialidade no exercício da curadoria: entre Berlim e São Paulo. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Artes Visuais) – Instituto de Artes, Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

VENANCIO FILHO, Paulo. Conjunções magnéticas. In: Itaú Cultural (Org.) Tunga: conjunções magnéticas. São Paulo: Itaú Cultural, 2022.

Fontes eletrônicas e sites

BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 11, p. 89–117, maio/2013. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/article/view/2069 Acesso em: 19 jul. 2024.

BANIWA, Denilson ; SÁ, Lucia. Artes indígenas: apropriação e apagamento In: GOLTZ, Sophie. São Paulo round up. e-flux Criticism, set. 2014. Disponível em: https://www.e-flux.com/criticism/236259/so-paulo-round-up Acesso em: 4 jun. 2024.

COCOTLE, Brenda Caro. Nós prometemos descolonizar o museu: uma revisão crítica da política museal contemporânea. In: MASP e AFTER All (org.). Arte e Descolonização. 2019, São Paulo: MASP. Disponível em: https://masp.org.br/uploads/temp/temp-X87a1s0ahKuQghS3VJ4D.pdf. Acesso em 19 ju. 2025.

DINATO, Daniel. Os caminhos do MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin. 2018. Recurso online (142 p.) Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, SP. Disponível em: https://share.google/d85FM1j8NMy7Tgo5n Acesso em: 19 jul. 2025.

DINATO, Daniel. -Vende tela, compra terra- e outras formas de atuação política do movimento dos artistas huni kuin (MAHKU) / -Sell painting, buy land- and other forms of political action by the Movement of Huni Kuin Artists (MAHKU). Arte e Ensaios, v. 27, p. 50-73, 2021. Disponível em https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/9066-0939 Acesso em: 19 jul 2025.

GOLDSTEIN, Ilana; LABATE, Beatriz C. Encontros artísticos e ayahuasqueiros: reflexões sobre a colaboração entre Ernesto Neto e os Huni

Kuin. Mana, v. 23, n. 3, set./dez. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/mana/a/dZNBVhTrhgWGhmjzKzfjwsv/abstract/?lang=pt Acesso em 19 set. 2025.

GOLTZ, Sophie. São Paulo round up. e-flux Criticism, set. 2014. Disponível em: https://www.e-flux.com/criticism/236259/so-paulo-round-up Acesso em: 4 jun. 2024.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago & GROSFOGUEL, Ramon (coords.). El giro decolonial: reflexiones para uma diversidad epistêmica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores/Instituto Pensar, 2007 . Disponível em https://share.google/59LqxHEYLj7O9xAKQ Acesso em 19 jul. 2025.

PAIVA, Alessandra S. A hora e a vez do decolonialismo na arte brasileira. Revista Visuais, Campinas, SP, v. 7, n. 1, p. 4, 2021. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/visuais/article/view/15657 Acesso em: 20 jun. 2023.

SEABRA, Jessica. Práticas curatorias na 27ª Bienal de São Paulo: crítica institucional, participação e discursividade. 2018. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2018. DOI: https://doi.org/10.11606/D.102.2018.tde-26072018-161735.

SEABRA, Jessica; LOPES, Ruy S. Um estrangeiro em Veneza. Revista Select, 31 maio 2024. Disponível em: https://select.art.br/um-estrangeiro-em-veneza/ Acesso em: 3 jun. 2024.

TARGINO, Alexandre N. Poéticas na curadoria contemporânea: um percurso pelas exposições Cães sem Plumas e Histórias Mestiças. 2018. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Artes e Comunicação, Recife, 2018. p. 97. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/40029 Acesso em: 22 jun. 2023.

TUNGA. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/24849-tunga Acesso em: 15 de julho de 2025. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7.

VAREJÃO, Adriana. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/5282-adriana-varejao Acesso em: 15 de julho de 2025. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7.

Downloads

Publicado

2025-11-15

Como Citar

Seabra, J., Fernandes, L. B., & Lopes, R. S. (2025). O giro decolonial nas artes e a disputa em torno do espaço da arte indígena. Revista ARA, 18(18), 72-95. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8354.v18i18p72-95