Ler ou não ler: eis a questão?

Autores

  • Silvia Cordeiro Nassif Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2447-7117.rt.2023.207156

Palavras-chave:

Notação musical, Signo, Educação musical, Desenvolvimento infantil

Resumo

Este ensaio coloca em discussão o ensino e aprendizagem da notação musical convencional. Tomando como ponto de partida algumas posições de estudiosos da área sobre a importância ou não em se considerar a escrita musical um conhecimento necessário, procura aprofundar os argumentos apresentados. Com o objetivo de chegar a algumas conclusões, ainda que provisórias, o texto é conduzido através de duas questões centrais: 1- Qual a função efetiva da notação musical para a música e nos processos educativos? 2- Como a aprendizagem da escrita musical pode ser pensada do ponto de vista do desenvolvimento? Tomando como bases teóricas a filosofia da cultura do Circulo de Bakhtin e a psicologia histórico cultural de Vigotski, levanta e analisa alguns pontos que poderão servir de balizas para organizar o trabalho pedagógico. Entre as conclusões apresentadas, destacam-se: a noção de que a notação convencional cumpre um papel que vai além do registro dos sons e permite uma olhar analítico para a música; a constatação dos limites da escrita não apenas para músicas de tradição oral, mas para a própria música europeia de concerto; a importância das vivências práticas musicais nos processos de aquisição das notações pela criança; as diferentes formas de registro musical que acontecem no curso do desenvolvimento psíquico. As considerações finais apontam para o fato de que a defesa ou não do ensino da escrita só adquire sentido quando são analisadas as situações contextuais de ensino como um todo.

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Publicado

2023-10-04

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Ensaio

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