Modinha e seus paradigmas através de Word painting: Viola de Lereno, modinha oitocentista e modinha de Catulo da Paixão Cearense
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2447-7117.rt.2024.217073Palavras-chave:
Modinha, Word painting, Viola de Lereno, modinha de salão, Catulo da Paixão CearenseResumo
Trata do gênero modinha e seus paradigmas por meio dos séculos, a saber: os espécimes publicados em Viola de Lereno, de Caldas Barbosa, que denotam a modinha do século XVIII, em forma simples, binária ou tripartida, em compasso binário e acompanhada de cordas dedilhadas. Com a chegada da Corte portuguesa em 1808, as modinhas lusitanas são importadas para o Brasil, ocorrendo o processo inverso – absorvidas pela produção da colônia, passam para o acompanhamento de teclado, como as modinhas do padre José Maurício Nunes Garcia. Derivadas fortemente da ópera italiana, mantém a estrutura melismática da modinha setecentista, porém incorporam o baixo de Alberti do classicismo no acompanhamento do piano doméstico e de salão, principalmente a partir de meados do século XIX, com o advento da impressão no Brasil. Por essa época viveu no país a soprano italiana Augusta Candiani, responsável por disseminar e firmar a modinha como gênero preferido nos salões cariocas, mostrando como eram as modinhas da época praticamente árias de ópera. A repopularização se daria gradualmente, passando por Chiquinha Gonzaga, após a abolição da escravidão, e a implosão de novas necessidades socioculturais advindas da estruturação de novas classes sociais urbanas consumidoras. Surge, então, o momento paradigmático que irá nortear a modinha de violão, mais uma vez, popular e com versos arrojados, principalmente nas composições de Catulo da Paixão Cearense. O fio condutor de todo esse repertório pode ser a técnica de utilizar um método renascentista europeu, chamado Word painting, em que clichês musicais são traduzidos dos elementos da poesia de forma literal.
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