Apendicite aguda e neoplasia vesical incidental: relato de caso de abordagem cirúrgica combinada em paciente idosa

Resumo

 A apendicite aguda é a emergência abdominal cirúrgica mais comum, com diagnóstico baseado principalmente no exame clínico e confirmado por exames de imagem. Achados incidentais em tomografias abdominais ocorrem em até 31% dos casos, porém a associação com neoplasias vesicais é rara. Este relato destaca a importância da avaliação completa por imagem e do manejo multidisciplinar em casos com patologias concomitantes.Relato de Caso: Paciente feminina de 69 anos foi admitida com dor abdominal difusa que migrou para a fossa ilíaca direita, acompanhada de náuseas e leucocitose. A tomografia evidenciou espessamento da parede apendicular e densificação dos tecidos adjacentes, confirmando apendicite. Como achado incidental, identificou-se uma lesão sólida de aproximadamente 2 cm na parede lateral esquerda da bexiga, sugestiva de neoplasia. A paciente foi submetida à apendicectomia laparoscópica de urgência e, durante a mesma internação, realizou ressecção transuretral da lesão vesical. O exame histopatológico confirmou neoplasia urotelial papilífera de baixo grau, sem invasão da lâmina própria. A recuperação pós-operatória foi satisfatória, com alta hospitalar e encaminhamento para acompanhamento urológico especializado. Discussão: Este caso evidencia a relevância da tomografia computadorizada para diagnóstico da apendicite e detecção de lesões incidentais, como neoplasias vesicais, que podem passar despercebidas em exames menos sensíveis. Neoplasias vesicais incidentais costumam ser de baixo grau e não invasivas, associadas a melhor prognóstico. A literatura reforça a importância da cistoscopia mesmo na ausência de sintomas urológicos, devido à frequência significativa de carcinoma urotelial em achados incidentais. Conclusão: O diagnóstico incidental de neoplasias vesicais durante investigação de apendicite permite abordagem integrada e precoce, favorecendo o prognóstico. A avaliação de imagem completa e o manejo multidisciplinar são essenciais para o sucesso terapêutico em pacientes com múltiplas condições abdominais.