Entre estruturas e lembranças: análise da Fábrica de Cerâmica Castanheiro a partir da arqueologia industrial (São Raimundo Nonato/PI)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2021.163527Palavras-chave:
Arqueologia industrial, Fábrica de Cerâmica Castanheiro, Modelo 3d, Arqueologia urbana, Arqueologia públicaResumo
Esta pesquisa tem como objeto de estudo a Fábrica de Cerâmica Castanheiro, que manteve suas atividades produtivas entre 1980 e 2003 no bairro Santa Luzia em São Raimundo Nonato/PI. Conjugando os preceitos teórico-metodológicos da arqueologia industrial e urbana às narrativas de moradores locais, buscamos identificar os espaços produtivos da fábrica e problematizar sua importância para a organização espacial do bairro, avaliando como ela influenciou a urbanização, o processo de industrialização e o desenvolvimento econômico do município. Assim, por meio de prospecções, entrevistas semiestruturadas e levantamento documental, identificou-se que a fábrica era composta por cinco estruturas, com funcionalidades distintas: pátio de estocagem; galpão de produção (que abrigava os maquinários); local de armazenamento de matéria-prima (caixão alimentador); galpão de secagem; e espaço associado ao processo de queima (fornos, chaminé, sistema subterrâneo de exaustão). Essas constatações permitiram elaborar um modelo 3D do local. Percebeu-se que a fábrica contribuiu para o crescimento urbano do bairro, fornecendo material para a construção de casas e para seu desenvolvimento socioeconômico, gerando empregos que atraiam pessoas para residirem no bairro e trabalharem na fábrica, e, consequentemente, uma expansão geográfica e demográfica. A fábrica empregou cem funcionários, o que demonstra que a economia municipal contava com uma produção industrial relevante e não se limitava aos setores de serviço e agropastoril.
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