O consumo de produtos cerâmicos em Bracara Augusta no século I: memória, tradição e inovação
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2024.217143Palavras-chave:
Cultura material, cerâmica, Bracara Augusta, consumo, memóriaResumo
As cerâmicas de Bracara Augusta são usualmente estudadas numa perspetiva histórica e cronológica, na qual o objetivo é compreender a sucessão de produções ou as suas contemporaneidades. Essa perspetiva permite o enquadramento dos produtos e fabricos em categorias formais e tecnológicas, ordenadas numa linha temporal. Esta abordagem, embora dominante na investigação arqueológica, é limitada do ponto de vista interpretativo. Nesse trabalho, propomos uma análise desse material a partir de uma perceção do tempo enquanto memória, a partir de Bergson (1999) e Deleuze (1999), no qual o presente e futuro são dimensões do passado, que é virtual e atualizado constantemente no presente, perspetiva que pode contribuir para uma leitura diferente da diversidade de recipientes que eram consumidos na cidade.
Downloads
Referências
Aitken, M. 1990. Science-based dating in archaeology. Routledge, New York.
Alföldy, G. 1996. Um “cursus” senatorial de Bracara Augusta. Revista de Guimarães, 76: 363-372. Disponível em: https://www.csarmento.uminho.pt/site/s/rgmr/item/57606#?c=0&m=0&s=0&cv=0. Acesso em: 13/01/2025.
Appadurai, A. (Ed.). 1986. The social life of things: commodities in cultural perspective. Cambridge University Press, Cambridge.
Beltrán Lloris, M. 1990. Guía de la Cerámica Romana. Zaragoza: Libros Pórtico.
Benjamin, W. 2012. O anjo da História. Belo Horizonte: Autêntica.
Bergson, H. 1999. Matéria e Memória: Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. Trad. Paulo Neves. Martins Fontes, São Paulo.
Bicho, N. 2006. Manual de Arqueologia Pré-Histórica. Edições 70, Lisboa.
Carreras Monfort, C.; Morais, R. 2012. The Atlantic Roman trade during the Principate: new evidence from the western façade. Oxford Journal of Archaeology, 31: 419-441. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1468-0092.2012.00396.x
Ettlinger, E. et al. 1990. Conspectus formarum terrae sigillatae italico modo confectae. GmbH, Frankfurt am Main.
Deleuze, G. 1999. Bergsonismo. Editora 34, São Paulo.
Delgado, M. 1994. Notícia sobre cerâmicas de engobe vermelho não vitrificável encontradas em Braga. Cadernos de Arqueologia. série II, 10/11: 113-149. Disponível em: https://hdl.handle.net/1822/10429. Acesso em: 13/01/2025.
Delgado, M. 1985. Marcas de oficinas de sigillatas encontradas em Braga. II. Cadernos de Arqueologia. Braga: Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, série II, 2: 9-40. Disponível em: https://hdl.handle.net/1822/10718. Acesso em: 13/01/2025.
Delgado, M.; Morais, R. 2009. Guia das cerâmicas de produção local de Bracara Augusta. CITCEM, Braga.
Delgado, M.; Santos, L. 1984. Marcas de oficinas de sigillatas encontradas em Braga. I. Cadernos de Arqueologia, série II, 1: 49-79. Disponível em: https://hdl.handle.net/1822/10723. Acesso em: 13/01/2025.
Douglas, M.; Isherwood, B. 1979. The World of Goods: Towards an Anthropology of Consumption. London: Routledge.
Dragendorff, H. 1894. De Vasculis Romanorum Rubris capita selecta. Bonnae; Typis C. Georgi [S.l.].
Gomes, A.M.M. 2000. Cerâmicas pintadas de época romana: tecnologia, morfologia e cronologia. Dissertação de mestrado. Universidade do Minho, Braga.
Gosselain, O. 2000. Materializing Identities: An African Perspective. Journal of Archaeological Method and Theory, 7: 187-217.
Grueber, H.A. 1910. Coins of the Roman Republic in the British Museum. Cornell University Library’s print, Londres.
Harris, E. 1997. Principles of archaeological stratigraphy. . Academic Press Limited, Londres.
Jiménez, A. 2017. Standard time: Typologies in Roman antiquity. In: Van Oyen, A.; Pitts, M. (Eds.). Materialising Roman Histories. Oxbow, Oxford; Philadelphia, 75-84.
Leite, F. 1997. Contribuição para o estudo da cerâmica fina de Braga: a cerâmica ‘dita Bracarense’. Dissertação de mestrado, Universidade do Minho.
Lucas, G. 1995. The Changing Face of Time: English Domestic Clocks from the Seventeenth to Nineteenth Century. Journal of Design History 8: 1-9. Doi: https://doi.org/10.1093/jdh/8.1.1
Lucas, G.; Olivier, L. 2022. Conversations about time. Routledge, New York.
Machado, D. et al. 2022. Integração económica dos conventus do NO ocidental da Península Ibérica: a produção cerâmica alto imperial. In Mateos, P. et al. (Eds.). Small towns: Una realidad urbana en la Hispania Romana. Instituto de Arqueología de Mérida, Mérida, 657-665.
Malafouris, L. 2021. Making hands and tools: steps to a process archaeology of mind. World Archaeology.53: 38-55. DOI: https://doi.org/10.1080/00438243.2021.1993992.
Martins, C. 2014. O enquadramento da investigação com as paisagens mineiras em Portugal. In: Anais do Simpósio Paisagens Mineiras Antigas na Europa Ocidental: Investigação e Valorização Cultural, 2014, Boticas, 15-26. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/30577. Acesso em: 13/01/2025.
Martins, M. 1987. A Cerâmica proto-histórica do vale do Cávado: tentativa de sistematização. Cadernos de Arqueologia., série II, 4: 35-77. Disponível em: https://hdl.handle.net/1822/10351. Acesso em: 13/01/2025.
Martins, M. 1990. O povoamento proto-histórico e a romanização da bacia do curso médio do Cávado. Universidade do Minho, Braga.
Martins, M. 1992. “As vilas do norte de Portugal” de Alberto Sampaio. Revista de Guimarães, 102: 387-409. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/13353. Acesso em:13/01/2025.
Martins, M. 2000. Bracara Augusta: a casa romana das Carvalheiras. Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, Braga.
Martins, M. 2005. As termas romanas do Alto da Cividade: um exemplo de arquitectura pública de Bracara Augusta. Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho; Núcleo de Arqueologia, Braga.
Martins, M. et al. 2012. Urbanismo e arquitetura de Bracara Augusta. Sociedade, economia e lazer. In: Ribeiro, M.C.; Melo, A.S. (Coords.). Evolucação da Paisagem Urbana: Economia e Sociedade. CITCEM, Braga, 29-68.
Martins, M. et al. 2013. A construção do teatro romano de Bracara Augusta. In. Melo, A.S.; Ribeiro, M.C. (Coords.). História da Construção: arquiteturas e técnicas construtivas. CITCEM, Braga, 41-74.
Martins, M. et al. 2020. Constructing identities within the periphery of the Roman Empire: north-west Hispania, In Curcă, R-X. et al. (Eds.). Rome and Barbaricum. Contributions to the archaeology and history of interaction in European protohistory. Archaeopress, Gloucester, 135-154.
Martins, M.; Carvalho, H. 2017. A fundação de Bracara Augusta no contexto da política de Augusto: Urbanismo e povoamento rural. Gérion, 35: 723-743. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/65736. Acesso em: 13/01/2025.
Martins, M.; Magalhães, F. 2021. Bracara Augusta. In: Nogales Basarrate, T. (Ed.); Ciudades Romanas de Hispania. L’Erma di Bretschneider, Roma, 413-425.
Mendes, N.M.; Bustamante, R.M.C.; Davidson, J. 2005. A experiência imperialista romana: teorias e práticas. Tempo, 9: 17-41. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-77042005000100002.
Merleau-Ponty, M. 1999. Fenomenologia da Percepção.Martins Fontes, São Paulo.
Mommsen, T. et al. (1853 – presente) Corpus inscriptionum latinarum (atualizado pela Berlin-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften). https://cil.bbaw.de. Acesso em: 13/01/2025.
Morais, R.M.L.S. 2005. Autarcia e Comércio em Bracara Augusta no período Alto-Imperial: contribuições para o estudo económico da cidade. Parte I-II. Tese de doutorado. Universidade do Minho, Braga.
Olivier, L. 1994. The shapes of Time: An archaeology of the Early Iron Age funerary assemblages in the West Hallstatt Province. Tese de doutorado. University of Cambridge, Cambridge.
Pottier, E. et al. (1922 – presente) Corpus Vasorum Antiquorum (atualizado pela Union Académique Internationale). https://www.carc.ox.ac.uk/cva/home. Acesso em: 13/01/2025.
Rocha, D. 2017. O Castro Máximo: contributo para o estudo do povoamento proto-histórico da região de Braga. Dissertação de mestrado. Universidade do Minho, Braga.
Santo Agostinho. 2017. Confissões. Companhia das Letras, São Paulo.
Soeiro, T. 1981. Monte Mozinho: Cerâmica Cinzenta Fina. Portvgalia, 2: 97-108. Disponível em: https://hdl.handle.net/10216/9248. Acesso em: 13/01/2025.
Spitzer, M. 1999. The Mind Within the Net: Models of Learning. Thinking and Acting. Massachusetts Institute of Technology Press, Cambridge.
Stout, D. 2002. Skill and Cognition in Stone Tool Production: An Ethnographic Case Study from Irian Jaya. Current Anthropology, 43: 693-722. DOI: https://doi.org/10.1086/342638.
Wallace-Hadrill, A. 2008. Rome’s Cultural Revolution. Cambridge University Press, Cambridge.
Woolf, G. 1988. Becoming Roman: The Origins of Provincial Civilization in Gaul. Cambridge University Press, Cambridge.
Zanker, P. 1988. The Power of Images in the Age of Augustus. University of Michigan Press, Ann Arbor.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Diego Machado, Manuela Martins

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.