Constituição e criação: o problema da representação
Palavras-chave:
Política, Linguagem, Representação, Legitimidade, Constituição, Criação.Resumo
Há uma crescente insatisfação nos últimos anos relativa à política, de uma maneira geral, e aos governos e governantes, de maneira específica. Tal circunstância é expressa em um aumento no número de protestos e na quantidade e variedade das pessoas que protestam. Tal movimento é bastante abrangente, tendo ocorrido na maioria dos países e independe do regime político. No cerne deste movimento emergente está o sentimento de não representatividade, possivelmente enraizado em uma ilegitimidade ainda mais profunda e que demanda um questionamento acerca da própria experiência e existência humana, as quais se colocam em xeque pela instrumentalização esvaziante da política e da linguagem, do poder pelo poder e da persuasão pela persuasão, não bastando a mera legalidade de um determinado sistema normativo. Se no âmbito da história política moderna encontra-se o conceito de representação, independentemente da atribuição em casos específicos ou valoração conjectural de tal conceito, então, o mundo encontra-se em grave risco, diante de uma mediocridade amorfa e uma violência silente, que, a despeito de poderem conviver por determinado período com estruturas e instituições mais ou menos representativas, impedem o movimento de representatividade essencial. Assim, faz-se necessário uma compreensão profunda do conceito de representação e de sua realização prática por meio do direito, da política e da linguagem.Downloads
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