Uma Análise das Políticas Étnico-Raciais na Formação de Obstetrizes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/rgpp.v13i1.200557

Palavras-chave:

Saúde, Raça, Racismo, Formação profissional, Políticas públicas

Resumo

Apesar de ser maioria no país, a população negra é exposta a diversas formas de racismo cotidianamente. Dentre estas, o racismo institucional que pode ser entendido como a falha de instituições em promover um serviço adequado, por motivações étnico-raciais e culturais, desassistindo essa população, por exemplo, no que se refere ao acesso a serviços de assistência à saúde. Dados epidemiológicos demonstram que a população negra possui piores indicadores de saúde. As mulheres negras exemplificam o conceito de interseccionalidade, estando suscetíveis à opressão de gênero, racismo e desigualdades socioeconômicas, especialmente durante o ciclo gravídico-puerperal, liderando assim, os índices de violência obstétrica e morbimortalidade materna. O objetivo deste artigo é analisar a formação de obstetrizes, a partir das políticas étnico-raciais de educação e saúde. Para tanto, foi realizada uma pesquisa quali-quantitativa, por meio de um questionário on-line, que foi aplicado a estudantes e egressos do Curso de Obstetrícia, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Com base nos resultados coletados, constatou-se a necessidade de ampliar o espaço de ensino das questões étnico-raciais em saúde e, em particular, na formação de obstetrizes. Para isso, foi proposta a criação de uma disciplina: Relações étnico-raciais em saúde, que busca contribuir na formação de profissionais de saúde capazes de prestar uma assistência humanizada à saúde reprodutiva da mulher negra.

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Biografia do Autor

  • Milena Novais Oliveira Silva, Universidade de São Paulo

    Graduada em Obstetrícia na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

  • Edemilson Antunes de Campos, Universidade de São Paulo

    Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1991), Mestrado em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (1998), Doutorado Sandwich (Antropologia Urbana) na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (2002-2003), Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (2005), Pós-Doutorado junto ao Centre de Recherche Médicine, Sciences, Santé et Société (CERMES) da École des Hautes Études en Sciences Sociales (2008-2009 e 2013) e Livre-Docência pela USP, área: Sociedade, Saúde e Educação, especialidade: Ciências Sociais e Saúde (2015). Atualmente é professor associado da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP) e professor e orientador do Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem da Escola de Enfermagem da USP e da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP . Foi membro do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da USP entre 2007 e 2010. Atualmente, é membro do CEP EACH/USP. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia da Saúde, Antropologia do alcoolismo, Antropologia do Nascimento, Antropologia do Cuidado em Saúde e em Pesquisa Qualitativa em Saúde, com livros e artigos publicados sobre os seguintes temas: alcoolismo e grupos de mútua-ajuda; grupos de doentes; antropologia do nascimento; processo saúde-doença na perspectiva cultural; modos de subjetivação e o processo saúde/doença nas sociedades contemporâneas.

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Publicado

2023-08-31

Como Citar

Silva, M. N. O., & Campos, E. A. de. (2023). Uma Análise das Políticas Étnico-Raciais na Formação de Obstetrizes. Revista Gestão & Políticas Públicas, 13(1), 39-56. https://doi.org/10.11606/rgpp.v13i1.200557