O texto e o pacto: estratégias discursivas em Casa-grande & senzala para pactuar a democracia racial
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v1i77p108-125Palavras-chave:
Gilberto Freyre, história intelectual, democracia racialResumo
Baseado na complexa e multidimensional definição de democracia racial estabelecida por Antonio Sérgio Alfredo Guimarães (mito, ideal e pacto), examinamos como Casa-grande & senzala participa da construção do pacto racial-democrático ensaiado no final dos anos 1930 no Brasil. Para isso analisamos como Gilberto Freyre estabelece discurso performativo sobre a democracia racial, em que supostamente se constatariam as interações não racistas dos brasileiros, ao mesmo tempo que também articula um discurso da democracia racial como pedagogia, em que ele desmente os estigmas raciais relacionados à presença do negro no Brasil, e busca celebrar as contribuições materiais e imateriais dos negros à cultura brasileira. Pretendemos mostrar como as ações linguísticas geradas no texto formam um campo de força discursivo essencial para a elaboração da democracia racial como pacto.
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