Colonialismo, plantation e Antropoceno: o controle sobre corpos e territórios

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v1i86p16-30

Palavras-chave:

Multiespécies, Agriculturas, Agroecologia

Resumo

Neste ensaio, apresentamos uma análise sobre as transformações provocadas nas agriculturas do Holoceno pela plantation. A partir do colonialismo, foram instituídos processos que produziram alterações devastadoras no planeta, destruindo espaços-tempos de refúgios para pessoas e outros seres, o que ocasionou o Antropoceno – período que remete às mutações geológicas decorrentes da ação humana. Como contraponto a esse modelo extrativista de corpos e territórios, discutiremos a agroecologia enquanto correlação de práticas, movimentos sociais e ciências que conectam modos de existência e conhecimentos ancestrais dos povos da terra, criando possibilidades de ressurgências multiespécies frente às catástrofes.

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Biografia do Autor

  • Josiane Carine Wedig, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

    Josiane Carine Wedig é professora adjunta do Departamento de Ciências Humanas e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

  • João Daniel Dorneles Ramos, Universidade de São Paulo. Instituto de Estudos Brasileiros

    João Daniel Dorneles Ramos é pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP).

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Publicado

2023-12-15

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Artigos

Como Citar

Wedig, J. C., & Ramos, J. D. D. . (2023). Colonialismo, plantation e Antropoceno: o controle sobre corpos e territórios. Revista Do Instituto De Estudos Brasileiros, 1(86), 16-30. https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v1i86p16-30