Crise, deslocamento e reconversão: o Ilpes entre a tradição estruturalista e a crítica sociológica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/2316901X.n90.2025.e10743

Palavras-chave:

Ilpes, Intelectuais latino-americanos, Teoria da dependência

Resumo

O artigo analisa o Ilpes como instituição transnacional de reconfiguração teórica do pensamento latino-americano sobre desenvolvimento nos anos 1960 em meio à crise do modelo estruturalista da Cepal. Argumentamos que o Instituto se tornou espaço de uma inflexão sociológica no debate sobre o capitalismo periférico, impulsionada por sociólogos que ocupavam uma posição ambígua no campo intelectual latino-americano: suficientemente integrados para mobilizar o prestígio da tradição estruturalista, mas periféricos o bastante para desafiá-la por dentro.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Darlan Praxedes Barboza, Universidade de São Paulo. Instituto de Estudos Brasileiros

    Bolsista de pós-doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP) e integrante do Núcleo de Sociologia da Cultura (NSC/FFLCH/USP) e do grupo de pesquisa “Repensando o desenvolvimento” (LabIEB/USP).

  • Luiz Carlos Jackson, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Professor do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), coordenador do Núcleo de Sociologia da Cultura (NSC/FFLCH/USP) e autor de A tradição esquecida: Os parceiros do Rio Bonito e a sociologia de Antonio Candido (Editora UFMG, 2002).

  • Fabio Silva de Souza, Universidade de São Paulo. Instituto de Estudos Brasileiros

    Bolsista de pós-doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP) e autor de O Movimento de Cultura Popular do Recife (1959-1964) (Edições UERN, 2024).

Referências

ANSALDI, Waldo. La búsqueda de América Latina: entre el ansia de encontrarla y el temor de no reconocerla. Buenos Aires: Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de Buenos Aires, Instituto de Investigaciones, Cuadernos del Instituto de Investigaciones, n. 1, 1991. https://repositorio.sociales.uba.ar/items/show/2967. Acesso em: mar. 2025.

ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. A sociologia no Brasil: Florestan Fernandes e a “escola paulista“. In: MICELI, Sérgio (Org.). História das ciências sociais no Brasil. v. 2. São Paulo: Editora Sumaré/Fapesp, 1995, cap. 1, p. 107-233.

BEIGEL, Fernanda. Vida, muerte y resurrección de las “teorías de la dependencia”. In: BEIGEL, Fernanda. Crítica y teoría en el pensamiento social latinoamericano. Buenos Aires: Clacso, 2006, p. 287-326. https://shorturl.at/uO0y9. Acesso em: mar. 2025.

BEIGEL, Fernanda. La Flacso chilena y la regionalización de las ciencias sociales en América Latina (1957-1973). Revista Mexicana de Sociología, v. 71, n. 2, 2009, p. 319-349. https://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0188-25032009000200004. Acesso em: mar. 2025.

BEIGEL, Fernanda. A teoria da dependência em seu laboratório. Crítica e Sociedade: Revista de Cultura Política, v. 4, n. 2, p. 72-89, 2014a. https://seer.ufu.br/index.php/criticasociedade/article/view/26115. Acesso em: mar. 2025.

BEIGEL, Fernanda. Chile: un centro periférico para la internacionalización de las ciencias sociales latinoamericanas y la construcción de un prestigio académico regional (1953-1973). Revista de la Red Intercátedras de Historia de América Latina Contemporánea: Segunda Época, n. 1, p. 101-105, 2014b. https://shorturl.at/hOK7b. Acesso em: mar. 2025.

BIDERMAN, Ciro; COZAC, Luis Felipe L.; REGO, José Márcio. Conversas com economistas brasileiros. São Paulo: Editora 34, 1996.

BIELSCHOWSKY, Ricardo (Org.). Cinqüenta anos de pensamento na Cepal. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Record, 2000. https://repositorio.cepal.org/handle/11362/1607. Acesso em: mar. 2025.

BLANCO, Alejandro. José Medina Echavarría y el proyecto de una sociología científica. In: PEREYRA, Diego (Comp.). El desarrollo de las ciencias sociales: tradiciones, actores e instituciones en Argentina, Chile, México y América Central. San José de Costa Rica: Flacso, 2010, p. 17-34. https://www.flacso.ac.cr/images/cuadernos/ccs_153.pdf. Acesso em: mar. 2025.

BLANCO, Alejandro. Razón y modernidad: Gino Germani y la sociología en la Argentina. Buenos Aires: Siglo XXI, 2006.

BLANCO, Alejandro Raúl; BARBOZA, Darlan Praxedes. Raúl Prebisch y Federico Pinedo: técnica y política en la “década infame”. Desarrollo Económico, v. 60, n. 232, 2021, p. 314-337. https://ojs.ides.org.ar/index.php/desarrollo-economico/article/view/106.

BLANCO, Alejandro; JACKSON, Luiz Carlos. Sociologia no espelho: ensaístas, cientistas sociais e críticos literários no Brasil e na Argentina (1930-1970). São Paulo: Editora 34, 2014.

BLANCO, Alejandro; JACKSON, Luiz Carlos. O caudilho da sociologia mexicana: Pablo González Casanova e A democracia no México. Tempo Social, v. 28, n. 3, 2016, p. 117-143. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2016.111597.

BLANCO, Alejandro; JACKSON, Luiz Carlos. Patrones de carrera de los sociólogos mexicanos, 1951-1970. Estudios Sociológicos de El Colegio de México, v. 39, n. 115, 2021, p. 99-136. https://doi.org/10.24201/es.2021v39n115.1971.

BLANCO, Alejandro; JACKSON, Luiz Carlos. O Brasil na América Latina. Revista USP, n. 133, 2022, p. 77-96. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.i133p77-96.

BLOIS, Juan Pedro. Medio siglo de sociología en la Argentina: ciencia, profesión y política (1957-2007). Buenos Aires: Eudeba, 2018.

CÁCERES, Gonzalo. Santiago de Chile: la capital de izquierda. In: GORELIK, Adrián; PEIXOTO, Fernanda Arêas (Org.). Ciudades sudamericanas como arenas culturales: artes y medios, barrios de élite y villas miseria, intelectuales y urbanistas: cómo ciudad y cultura se activan mutuamente. Buenos Aires: Siglo XXI, 2016, p. 233-260.

CAMP, Roderic A. Los intelectuales y el Estado en el México del siglo XX. Ciudad de México: Fondo de Cultura Económica, 1988.

CARAVACA, Jimena. La Argentina keynesiana: Estado, política y expertos económicos en la década de 1930. In: PLOTKIN, Mariano Ben; ZIMMERMANN, Eduardo (Org.). Las prácticas del Estado: política, sociedad y élites estatales en la Argentina del siglo XX. Buenos Aires: Edhasa, 2012, p. 67-91.

CARAVACA, Jimena; ESPECHE, Ximena. América Latina como problema y como solución: Robert Triffin, Daniel Cosío Villegas, Víctor Urquidi y Raúl Prebisch antes del Manifiesto Latinoamericano (1944-1946). Desarrollo Económico, v. 55, n. 217, 2016, p. 211-235. https://www.redalyc.org/journal/3870/387065336005. Acesso em: mar. 2025.

CARAVACA, Jimena; ESPECHE, Ximena. El Fondo de Cultura Económica y la búsqueda de un keynesianismo en América Latina, 1936-1947. Prismas: Revista de Historia Intelectual, v. 22, n. 2, 2018, p. 173-178. https://www.redalyc.org/journal/3870/387059373005/html. Acesso em: mar. 2025.

CARDOSO, Fernando Henrique. Capitalismo e escravidão no Brasil meridional. São Paulo: Difel, 1962.

CARDOSO, Fernando Henrique. Empresário industrial e desenvolvimento econômico do Brasil. São Paulo: Difel, 1964.

CARDOSO, Fernando Henrique. As ideias e seu lugar: ensaios sobre as teorias do desenvolvimento. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Cebrap, 1980.

CARDOSO, Fernando Henrique; FALETTO, Enzo. Dependência e desenvolvimento na América Latina: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

CASTAÑEDA, Fernando. La constitución de la sociología en México. In: PAOLI BOLIO, Francisco José (Org.). Desarrollo y organización de las ciencias sociales en México. Ciudad de México: UNAM, 1990, cap. 2, p. 45-76.

CEPAL – Comisión Económica para América Latina (Naciones Unidas). Secretaria de la Cepal. El desarrollo social de América Latina en la postguerra. Buenos Aires: Solar/Hachette, 1963. https://shorturl.at/s9XYX. Acesso em: mar. 2025.

DÍAZ ARCINIEGA, Víctor. Historia de la casa: Fondo de Cultura Económica, 1934-1994. México, DF: Fondo de Cultura Económica, 1994.

DOSMAN, Edgar. Raúl Prebisch (1901-1986): a construção da América Latina e do Terceiro Mundo. Tradução de Teresa Dias Carneiro e César Benjamin. Rio de Janeiro: Contraponto/Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, 2011.

FALETTO, Enzo. Los años 60 y el tema de la dependencia. Estudos Avançados, v. 12, n. 33, 1998, p. 109-117. https://doi.org/10.1590/S0103-40141998000300010.

FRANCO, Rolando. La Flacso clásica (1957-1973): vicisitudes de las ciencias sociales latinoamericanas. Santiago de Chile: Flacso Chile/Catalonia, 2007.

FRANCO, Rolando. La invención del Ilpes. Santiago de Chile: Cepal, 2013.

FRANCO, Rolando. El Ilpes de Prebisch. Mundos Plurales: Revista Latinoamericana de Políticas y Acción Pública, v. 2, n. 1, 2015, p. 9-44. https://doi.org/10.17141/mundosplurales.1.2015.1909.

FURTADO, Celso. Obra autobiográfica. Organização de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

GABAY, Eliana. El “fantasma” de Prebisch: el Ilpes entre 1963 y 1969. In: PEREYRA, Diego (Comp.). El desarrollo de las ciencias sociales: tradiciones, actores e instituciones en Argentina, Chile, México y Centroamérica. San José: Flacso Costa Rica, 2010, p. 73-97.

GALLARDO, Osvaldo. La institucionalización de las ciencias económicas en Chile: el caso del convenio Universidad Católica-Universidad de Chicago. Revista de Historia de América, n. 145, 2011, p. 77-101.https://www.jstor.org/stable/24641973. Acesso em: mar. 2025.

GIOVANELLA, Lígia. As origens e as correntes atuais do enfoque estratégico em planejamento de saúde na América Latina. Cadernos de Saúde Pública, v. 7, n. 1, p. 26–44, 1991. https://doi.org/10.1590/S0102-311X1991000100004.

HODARA, Joseph. Prebisch y la Cepal: sustancia, trayectoria y contexto institucional. México, DF: El Colegio de México, 1987.

KLÜGER, Elisa. Meritocracia de laços: gênese e reconfigurações do espaço dos economistas no Brasil. 2016. 855 f. Tese (Doutorado em Sociologia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. https://doi.org/10.11606/T.8.2017.tde-06022017-113838.

KLÜGER, Elisa; WANDERLEY, Sérgio; BARBOSA, Alexandre de Freitas. The ECLA-BNDE Economic Development Centre and the training of a generation of development planners in Brazil. Revista de la Cepal, v. 2022, n. 136, 2022, p. 133-154. https://doi.org/10.18356/16840348-2022-136-7.

LEMPÉRIÈRE, Annick. Intellectuels, État et société au Mexique: les clercs de la nation (1910-1968). Paris: L’Harmattan, 1992.

LOUREIRO, Maria Rita Garcia. Os economistas no governo: gestão econômica e democracia. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getulio Vargas, 1997.

LOVE, Joseph L. A construção do Terceiro Mundo: teorias do subdesenvolvimento na Romênia e no Brasil. Tradução de Patrícia Zimbres. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

MERKEL, Ian. Termos de troca: intelectuais brasileiros e as ciências sociais francesas. Tradução de Anouch Kurkdjian. São Paulo: Edusp, 2023.

MICELI, Sérgio. Condicionantes do desenvolvimento das ciências sociais. In: MICELI, Sérgio (Org.). História das ciências sociais no Brasil. v. 1. São Paulo: Vértice, 1989, p. 72-110.

MORALES MARTÍN, Juan Jesús. José Medina Echavarría: vida y sociología. 2012. 855 f. Tesis (Doctorado en Sociología). Universidad Complutense de Madrid, 2012. https://eprints.ucm.es/id/eprint/16362. Acesso em: mar. 2025.

MOYA LÓPEZ, Laura A. José Medina Echavarría y la Colección de Sociología del Fondo de Cultura Económica, 1939-1959. Estudios Sociológicos, v. 25, n. 75, 2007, p. 765-803. https://www.jstor.org/stable/40421108. Acesso em: mar. 2025.

NAKHLÉ, Gabriela. Elites tecnocráticas en la política económica argentina, 1913-1949. 2011. 215 f. Tesis (Maestría en Historia). Departamento de Estudios Históricos y Sociales, Universidad Torcuato Di Tella, Buenos Aires, 2011. https://www.utdt.edu/listado_contenidos.php?id_item_menu=25335.

NERCESIAN, Inés. Ideas, pensamiento y política en Argentina, Brasil, Chile y Uruguay, entre los cincuenta y los sesenta. Trabajo y Sociedad, n. 19, 2012, p. 393-415. https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=387334691026. Acesso em: mar. 2025.

OLVERA SERRANO, Margarita. Lucio Mendieta y Núñez y la institucionalización de la sociología en México, 1939-1965. México, DF: Universidad Autónoma Metropolitana, Unidad Azcapotzalco; Miguel Ángel Porrúa, 2004.

PEIXOTO, Fernanda. Franceses e norte-americanos nas ciências sociais brasileiras (1930-1960). In: MICELI, Sérgio (Org.). História das ciências sociais no Brasil. v. 1. São Paulo: Vértice, 1989, p. 477-532.

PLOTKIN, Mariano Ben. Notas para un análisis comparativo de la constitución del campo de los economistas en Argentina y Brasil. Anuario IEHS, v. 21, 2006, p. 467-494. https://www.ides.org.ar/sites/default/files/attach/marianobenplotkin14.pdf. Acesso em: mar. 2025.

PLOTKIN, Mariano Ben; CARAVACA, Jimena. A economia entre crises: economia política e finanças na Universidade de Buenos Aires (1870-1900). Tempo Social, v. 21, n. 2, 2009, p. 87-108. https://doi.org/10.1590/S0103-20702009000200005.

POLLOCK, David H. Raúl Prebisch: the essence of leadership. In: DOSMAN, Edgar J. (Ed.). Raúl Prebisch: power, principle, and the ethics of development. Buenos Aires: BID-INTAL, 2006, p. 11-20.

REYNA, José Luis. A institucionalização das ciências sociais no México. In: TRINDADE, Hélgio (Org.). As ciências sociais na América Latina em perspectiva comparada: 1930-2005. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007, p. 69-93.

RODRIGUES, Lidiane Soares. A produção social do marxismo universitário em São Paulo: mestres, discípulos e “um seminário” (1958-1978). 2011. 565 f. Tese (Doutorado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. https://doi.org/10.11606/T.8.2012.tde-05072012-164401.

RODRÍGUEZ, Octavio. Teoria do subdesenvolvimento da Cepal. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1981.

SALLUM JÚNIOR, Brasílio. Notas sobre o surgimento da Sociologia Política em São Paulo. Política & Sociedade, v. 1, n. 1, 2002, p. 73-86. https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/4930/4289. Acesso em: mar. 2025.

SOLA, Lourdes. Ideias econômicas, decisões políticas: técnicos e políticos no governo da economia. São Paulo: Edusp, 2023.

SORÁ, Gustavo. Editar desde la izquierda en América Latina: la agitada historia del Fondo de Cultura Económica y de Siglo XXI. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2017.

URQUIDI, Víctor L. Jorge Ahumada (1917-1965). El Trimestre Económico, v. 34, n. 133(1), p. 3-10, 1967. https://www.jstor.org/stable/20855909. Acesso em: mar. 2025.

Downloads

Publicado

2025-05-07

Edição

Seção

Dossiê Teoria da dependência

Como Citar

Barboza, D. P., Jackson, L. C., & Souza, F. S. de. (2025). Crise, deslocamento e reconversão: o Ilpes entre a tradição estruturalista e a crítica sociológica. Revista Do Instituto De Estudos Brasileiros, 1(90), e10743. https://doi.org/10.11606/2316901X.n90.2025.e10743