Papilomavírus humano e anormalidades cervicais em mulheres do sistema de saúde privado e público no Estado do Rio de Janeiro, Brasil

Autores

  • Ledy H.S. Oliveira UFF; Instituto Biomédico; Departamento de Microbiologia e Parasitologia
  • Maria L.G. Rosa UFF; Instituto da Saúde da Comunidade; Departamento de Epidemiologia e Bioestatística
  • Claudia R.N. Pereira UFF; Instituto Biomédico; Departamento de Microbiologia e Parasitologia
  • Gentil A.L.B.M. Vasconcelos UFF; Instituto Biomédico; Departamento de Microbiologia e Parasitologia
  • Roberta A. Silva UFF; Instituto Biomédico; Departamento de Microbiologia e Parasitologia
  • Tomás Z. Barrese UFF; Instituto Biomédico; Departamento de Microbiologia e Parasitologia
  • Maria O.O. Carvalho UFF; Instituto Biomédico; Departamento de Microbiologia e Parasitologia
  • Gabriela M. Abib Abi UFF; Instituto Biomédico; Departamento de Microbiologia e Parasitologia
  • Eliana M. Rodrigues Universidade Federal Fluminense; Faculdade de Medicina; Serviço de Patologia Cervical
  • Silvia M.B. Cavalcanti UFF; Instituto Biomédico; Departamento de Microbiologia e Parasitologia

Palavras-chave:

Human papillomavirus, PCR, Hybrid capture, Cervical intraepithelial neoplasias, Socioeconomic factors

Resumo

Este artigo analisa a infecção por HPV e anormalidades citológicas cervicais encontradas em pacientes atendidas em serviços ginecológicos dos sistemas de saúde público e privado do estado do Rio de Janeiro. O trabalho também avalia os testes utilizados para detecção de DNA do HPV em cada população estudada. Um grupo de 454 mulheres oriundas de serviços da rede privada de saúde foi testado por Captura do Híbrido II. Destas, 58,4% apresentaram infecção por HPV e cerca de 90% delas estavam infectadas por HPV de alto risco. Este grupo, entretanto, apresentava poucos casos de lesões cervicais pré-malígnas e nenhum caso de câncer. Estudamos, também, 220 mulheres de baixo nível econômico atendidas no serviço de saúde pública que foram testadas para HPV pela reação da polimerase em cadeia utilizando-se os oligonucleotídeos My09/My11. A identificação dos tipos foi efetuada por amplificação com oligonucleotídeos específicos para a região E6 do genoma viral. A prevalência de HPV nesta população foi de 77.3%, observando-se uma alta porcentagem de casos de neoplasias intraepiteliais cervicais de alto grau (26,3%) e de carcinoma cervical invasivo (16,3%). A infecção por HPV foi achada em, respectivamente, 93,1% e 94,4% destes casos. A média de idade em ambos os grupos era de 31,5 e 38 anos, respectivamente. Na série 1, a prevalência da infecção por HPV decresce com a idade, enquanto na série 2 ela não desaparece, dando suporte não só à idéia de persistência viral neste grupo, mas também a variações epidemiológicas na mesma área geográfica. Diferenças significativas foram vistas nos dois grupos. Casos normais e benignos foram incidentes na série 1, enquanto as lesões malígnas predominaram na série 2. Ao contrário, casos normais infectados por HPV eram prevalentes na série 2 (p < 0.001), indicando maior exposição ao vírus. Embora as mulheres de ambos os grupos tenham sido incluídas no estudo por apresentarem citologia anormal, evidências sócio-demográficas demonstram que mulheres da série 1 tem acesso mais fácil e rápido ao tratamento do que as mulheres da série 2 antes que as lesões pré-malígnas se desenvolvam. Estes resultados fornecem dados sobre o papel das desigualdades sociais associadas à infecção por HPV de alto risco na progressão do câncer cervical. Programas de prevenção abrangentes e o desenvolvimento de vacinas eficazes e seguras contra o HPV poderiam reduzir o tributo desta doença que afeta principalmente mulheres pobres.

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Publicado

2006-10-01

Edição

Seção

Virologia

Como Citar

Oliveira, L. H., Rosa, M. L., Pereira, C. R., Vasconcelos, G. A., Silva, R. A., Barrese, T. Z., Carvalho, M. O., Abi, G. M. A., Rodrigues, E. M., & Cavalcanti, S. M. (2006). Papilomavírus humano e anormalidades cervicais em mulheres do sistema de saúde privado e público no Estado do Rio de Janeiro, Brasil . Revista Do Instituto De Medicina Tropical De São Paulo, 48(5), 279-285. https://revistas.usp.br/rimtsp/article/view/31026