Trauma perineal como mudança existencial: um estudo qualitativo com mulheres vivenciando o parto humanizado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2021.182626

Palavras-chave:

Parto humanizado, Complicações do trabalho de parto, Pesquisa qualitativa, Obstetrícia

Resumo

Objetivos: Investigar como as mulheres experienciaram o trauma perineal durante um parto humanizado.

Métodos: Um estudo qualitativo com 22 mulheres pós-parto foi realizado de janeiro a dezembro 2018. A fenomenologia Husserliana foi usada como referencial teórico usando entrevistas individuais que foram audiogravadas e transcritas verbatim.

Resultados: Vinte e quatro categorias emergiram durante os relatos. Durante o período pré-natal, a falta de informação sobre o trauma perineal, a alteridade como processo facilitador para incentivar as mulheres em direção ao parto vaginal e a percepção do começo de uma transição existencial. Durante o parto, a confiança e ligação com o(a) profissional de saúde com suporte físico e emocional, o medo do desconhecido e a insegurança, a necessidade de se entregar ao processo, o empoderamento como resultado de confiança e comprometimento, e o processo de tomada de decisão compartilhada da sutura (ou não). O período pós-parto mostra a completude da transição existencial, o corpo como local de estranhamento, o afrouxamento de alguns laços, mas a construção de novas redes de suporte pessoal para superar esse período.

Conclusão: A maior parte das mulheres depois do parto humanizado percebe o trauma perineal como uma transição existencial que fora iniciada durante o período antenatal.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Raquel Vivancos, University of São Paulo. Medical School. Department of Gynecology and Obstetric

    RN, PhD

  • Aline Almeida, University of São Paulo. Medical School. Department of Gynecology and Obstetric

    PT

  • Fabiana Mamede, University of São Paulo. Medical School. Department of Gynecology and Obstetric

    RN, PhD

  • Alessandra Marcolin, University of São Paulo. Medical School. Department of Gynecology and Obstetric

    MD, PhD

  • Pedro Henrique Martins Valério, University of São Paulo. Medical School. Department of Gynecology and Obstetric

    Doutorando em Psicologia na área de Processos Culturais e Subjetivação

  • Luiz Gustavo Oliveira Brito, Departamento de Tocoginecologia, UNICAMP

    MD, PhD

Referências

- Oliveira LS, Brito LG, Quintana SM, Duarte G Marcolin AC. Perineal trauma after vaginal delivery in healthy pregnant women. Sao Paulo Med J 2014;132(4):2321-8.

– Peppe MV, Stefanello J, Infante BF, Kobayashi MT, Baraldi CO, Brito LG. Perineal trauma in a low-risk maternity with high prevalence of upright position during the second stage of labor. Rev Bras Ginecol Obstet 2018;40(7):379-383.

– Abedzadeh-Kalahroudi M, Talebian A, Sadat Z, Mesdaghinia E. Perineal trauma: incidence and its risk factors. J Obstet Gynaecol 2018;6:1-6.

– Fernando RJ, Sultan AH, Freeman RM, Williams AA, Adams EJ. Royal College of Obstetricians & Gynaecologists. The management of third- and fourth-degree perineal tears – green top guideline no. 29, June 2015.

– Rusavy Z, Karbanova J, Kalis V. Timing of episiotomy and outcome of a non-instrumental vaginal delivery. Acta Obstet Gynecol Scand 2016;95(2):190-6.

– Tunestveit JW, Baghestan E, Natvig GK, Eide GE, Nilsen ABV. Factors associated with obstetric anal sphincter injuries in midwife-led birth: a cross sectional study. Midwifery 2018;62:264-272.

– Cluett ER, Burns E, Cuthbert A. Immersion in water during labour and birth. Cochrane Database Syst Rev 2018;5:CD000111.

– Aquino CI, Guida M, Saccone G, Cruz Y, Vitagliano A, Zullo F, Berghella V. Perineal massage during labor: systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. J Matern Fetal Neonatal Med 2018;19:1-13.

– Aasheim V, Nilsen ABV, Reinar LM, Lukasse M. Perineal techniques during the second stage of labour for reducing perineal trauma. Cochrane Database Syst Rev 2017;6:CD006672.

- Sveinsdottir E, Gottfredsdottir H, Vernhardsdottir AS, Tryggvadottir GB, Geirsson RT. Effects of an intervention program for reducing severe perineal trauma during the second stage of labor. Birth 2018; doi: 10.1111/birt.12409.

– Edqvist M, Lindgren H, Lundgren I. Midwives´lived experience of a birth where the woman suffers and obstetric anal sphincter injury – a phenomenological study. BMC Pregnancy Childbirth 2014;14:258.

– Priddis H, Dahlen H, Schmied V. Women´s experiences following severe perineal trauma: a meta-ethnographic synthesis. J Adv Nurs 2012;69(4):748-759.

– Crookall R, Fowler G, Wood C, Slade P. A systematic mixed studies review of women´s experiences of perineal trauma sustained during childbirth. J Adv Nurs 2018 doi:10.1111/jan.13724.

– Wagner M. Fish can´t see water: the need to humanize birth. Int J Gynecol Obstet 2001;75:S25-S37.

– Tong A, Sainsbury P, Craig J. Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ): a 32-tem checklist for interviews and focus groups. Int J Qual Health Care 2007;19(6):349-357.

– Gutland C. Husserlian phenomenology as a kind of introspection. Front Psychol 2018;9:896. doi:10.3389/fpsyg.2018.00896

– Briscoe L, Lavender T, O´Brien E, Campbell M, McGowan L. A mixed methods study to explore women and clinicians´ response to pain associated with suturing second degree perineal tears and episiotomies [PRAISE]. Midwifery 2015;31(4):464-72.

- Bidwell P, Thakar R, Sevdalis N, Silverton L, Novis V, Hellyer A, Kelsey M, van der Meulen J, Gurol-Urganci I. A multi-centre quality improvement project to reduce the incidence of obstetric anal sphincter injury (OASI): study protocol. BMC Pregnancy Childbirth 2018;18(1):331.

– Dietz HP, Pardey J,Murray H. Pelvic floor and anal sphincter trauma should be key performance indicators of maternity services. Int Urogynecol J 2015;26(1):29-32.

- Hall PJ, Foster JW, Yount KM, Jennings BM. Keeping it together and falling apart: women´s dynamic experience of birth. Midwifery 2018;58:130-6.

– Demsar K, Svetina M, Verdenik I, Tul N, Blickstein I, Globvenik Velikonja N. Tokophobia (fear of childbirth): prevalence and risk factors. J Perinatal Medicine 2017

- Simkin P. Just another day in a woman´s life? Women´s long-term perception of their first birth experience. Birth 1991;18:203-210.

Downloads

Publicado

2021-12-30

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Vivancos R, Almeida A, Mamede F, Marcolin A, Valério PHM, Brito LGO. Trauma perineal como mudança existencial: um estudo qualitativo com mulheres vivenciando o parto humanizado. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 30º de dezembro de 2021 [citado 10º de maio de 2024];54(4):e-182626. Disponível em: https://revistas.usp.br/rmrp/article/view/182626

Dados de financiamento