Xantomatose cerebrotendínea: uma doença rara e multissistêmica ainda pouco conhecida. Quando devemos suspeitar?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2022.189716

Palavras-chave:

Neurologia, Doenças neuromusculares, Doenças neurodegenerativas, Doenças raras

Resumo

Xantomatose cerebrotendínea (XCT) é uma doença congênita autossômica recessiva rara multissistêmica do metabolismo do ácido biliar que leva ao acúmulo de intermediários do colesterol em diversos tecidos. A principal manifestação da doença é o acometimento neurológico progressivo e irreversível, que inicia na infância e evolui com disfunção neurológica grave na fase adulta. Sintomas não neurológicos característicos como xantomas tendíneos, cataratas de início na infância e diarreia crônica infantil também podem estar presentes. No Brasil, não existe terapia medicamentosa para a doença. A principal abordagem terapêutica para retardar a progressão do quadro é o acompanhamento multidisciplinar com o objetivo de melhorar a qualidade de vida. Apesar dos sintomas iniciarem na infância, a maioria dos pacientes demora em média 16 anos para receber o diagnóstico, fase na qual o dano neurológico já é extenso e as abordagens terapêuticas não são mais eficazes. Neste estudo é relatado o caso de paciente de 47 anos com XCT que iniciou os sintomas na infância, com piora neurológica aos 38 anos e diagnóstico aos 44 anos, fase na qual a neurodegeneração já era grave e irreversível. Os testes laboratoriais e Imagem de Ressonância Magnética indicaram alterações características da doença. Ressalta-se a importância de ter a XTC como diagnóstico diferencial na presença de um quadro neurológico progressivo, amplo e variado, associado com xantomas tendíneos e outros sinais e sintomas específicos. Por tratar-se de doença crônica e degenerativa, o diagnóstico precoce é essencial para que se possa instituir medidas que melhorem a qualidade de vida.

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Biografia do Autor

  • Karina Lebeis Pires, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, (RJ), Brasil

    Doutoranda em Neurologia

  • Mariana Beiral Hammerle, 1Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, (RJ), Brasil

    Doutoranda em Neurologia

  • Deborah Santos Sales, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, (RJ), Brasil

    Doutora em Neurologia, Fonoaudióloga

  • Francisco Ramon Canale Ferreira, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, (RJ), Brasil

    Residente de Neurologia

  • Elisa Gutman Gouvea, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, (RJ), Brasil

    Acadêmica de Medicina

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Publicado

2022-07-04 — Atualizado em 2022-07-06

Edição

Seção

Relato de Caso

Como Citar

1.
Pires KL, Hammerle MB, Souza R da S, Sales DS, Ferreira FRC, Gouvea EG. Xantomatose cerebrotendínea: uma doença rara e multissistêmica ainda pouco conhecida. Quando devemos suspeitar?. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 6º de julho de 2022 [citado 21º de novembro de 2024];55(2):e-189716. Disponível em: https://revistas.usp.br/rmrp/article/view/189716