Intoxicação cutânea grave por Paraquat

Autores

  • Fernanda Silva Hojas Pereira Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná, Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Curitiba, PR, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-8260-2878
  • Leonardo Cordeiro Moura Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná, Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Curitiba, PR, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-7842-0062
  • Daniel Emilio Dalledone Siqueira Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná, Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Curitiba, PR, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-4421-3505
  • Ramon Cavalcanti Ceschim Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná, Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Curitiba, PR, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-1089-6360

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2023.204400

Palavras-chave:

Paraquat, Herbicidas, Diquat, Intoxicação, Relatos de Casos

Resumo

O Paraquat é um herbicida não seletivo altamente tóxico, sendo responsável por altas taxas de letalidade acidentais ou provocadas, devido, principalmente, à insuficiência respiratória. Apesar de a intoxicação por via oral ser a principal e mais grave, o contato prolongado com a substância em uma grande área corporal pode gerar uma toxicidade similar e levar ao óbito – fato pouco elucidado na literatura. Este é o relato de caso de um homem de 22 anos, que foi admitido em um hospital devido a queixas de mal-estar, náuseas, febre, cefaleia, dor abdominal, diarreia, queimaduras e dispneia. A suspeita diagnóstica inicial foi de hantavirose, leptospirose, dengue e tromboembolismo pulmonar e, posteriormente, foi comprovado intoxicação exógena com agrotóxico por via inalatória e cutânea. Exames de imagem revelaram fibrose pulmonar difusa e ele também apresentou alterações renais, hepáticas e coagulatórias. Como não há antídoto específico, foi empregado tratamento sintomático e suportivo, com uso de carvão ativado, antibióticos, corticoides, antioxidantes e hemodiálise. No entanto, o paciente teve uma piora progressiva do quadro, vindo a óbito devido à síndrome da angústia respiratória aguda e fibrose pulmonar. O Paraquat, embora proibido no Brasil em 2020, continua sendo utilizado de forma ilegal. Além disso, seu substituto, o Diquat, possui toxicidade semelhante. Assim, é fundamental que os profissionais da saúde reconheçam o diagnóstico da intoxicação por tais substâncias e suas diferentes vias de exposição. Também são necessárias novas medidas de fiscalização das substâncias e maior investimento em educação em saúde para evitar exposições acidentais, assim como relatado.

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Biografia do Autor

  • Fernanda Silva Hojas Pereira, Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná, Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.

    Acadêmica de Medicina

  • Leonardo Cordeiro Moura, Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná, Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.

    Acadêmico de Medicina

  • Daniel Emilio Dalledone Siqueira, Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná, Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.

    Médico

  • Ramon Cavalcanti Ceschim, Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná, Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.

    Médico

Referências

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Publicado

2023-08-15

Edição

Seção

Relato de Caso

Como Citar

1.
Pereira FSH, Moura LC, Siqueira DED, Ceschim RC. Intoxicação cutânea grave por Paraquat. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 15º de agosto de 2023 [citado 13º de maio de 2024];56(2):e-204400. Disponível em: https://revistas.usp.br/rmrp/article/view/204400