Uso irregular de protetor solar e fatores associados em adultos e idosos: estudo de base populacional no Sul do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2024.212903

Palavras-chave:

Protetores solares, Neoplasias cutâneas, Melanoma, Raios ultravioleta

Resumo

Introdução: A região sul lidera as estatísticas do câncer da pele no Brasil e múltiplos fatores relacionam-se a esta predisposição. A radiação ultravioleta é o principal fator de risco modificável e o uso regular de protetores solares mostrou ser eficaz na redução do risco. Apesar disso, a prevalência do uso irregular de protetores solares tem se mostrado acima do desejado. Objetivo: Avaliar a associação entre o uso irregular de protetores solares e as características sociodemográficas, comportamentais e de saúde em adultos e idosos. Método: Estudo transversal de base populacional realizado em 2019 com indivíduos adultos residentes na área urbana do município de Criciúma, Santa Catarina. A variável desfecho foi o uso irregular de fotoprotetores. As variáveis de exposição foram sexo, idade, cor da pele, escolaridade, renda, trabalho remunerado, tabagismo, cadastro do domicílio em unidade de atenção primária de saúde, acesso a plano de saúde suplementar, consulta médica e odontológica preventiva no último ano, prática de caminhada em horas vagas, deslocamento a pé ou por meio de bicicleta, prática suficiente de atividade física, histórico pessoal de câncer de qualquer órgão e da pele. Para avaliar a associação entre o não uso regular do fotoprotetor e as referidas variáveis foram realizadas análises brutas e ajustadas utilizando Regressão de Poisson com nível de significância de 5%. Resultados: Foram estudados 820 indivíduos. A prevalência do uso irregular de protetores solares foi de 52,8%. Os fatores associados ao aumento da prevalência do uso irregular de protetores solares foram: sexo masculino (RP 1,57; IC95% 1,39-1,77), tabagismo (RP 1,19; IC95% 1,03-1,37), ter 60 anos ou mais (RP 1,62; IC95% 1,26-2,09) e menor escolaridade (tendência linear inversa: p<0,001). Por outro lado, dispor de plano de saúde suplementar (RP 0,84; IC95% 0,71- 0,99) e caminhar nas horas livres (RP 0,76; IC95% 0,64-0,90) foram fatores protetores. Conclusão: Este estudo nos permitiu identificar o perfil dos indivíduos com maior risco de uso irregular dos protetores solares, representando um benefício potencial à saúde coletiva na medida em que permite melhor direcionar as estratégias de prevenção ao câncer de pele.

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Biografia do Autor

  • Sergio Emerson Sasso, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, (SC), Brasil

    Mestre em Saúde Coletiva

  • Fernanda de Oliveira Meller, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, (SC), Brasil

    Doutora em Epidemiologia

  • Micaela Rabelo Quadra, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, (SC), Brasil

    Mestre em Saúde Coletiva

  • Sofia Garbin Petry, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, (SC), Brasil

    Estudante de Medicina

  • Antônio Augusto Schäfer, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, (SC), Brasil

    Doutor em Epidemiologia

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Publicado

2024-12-13

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Sasso SE, Meller F de O, Quadra MR, Petry SG, Schäfer AA. Uso irregular de protetor solar e fatores associados em adultos e idosos: estudo de base populacional no Sul do Brasil. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 13º de dezembro de 2024 [citado 10º de março de 2025];57(2):e-212903. Disponível em: https://revistas.usp.br/rmrp/article/view/212903