Verificação do conhecimento e opinião dos profissionais médicos acerca da interrupção voluntária da gravidez de acordo com os aspectos éticos e legais
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2025.214368Palavras-chave:
Aborto, Postura ética, Medicina, LegislaçãoResumo
O aborto provocado é um importante tema da medicina preventiva e social, sendo que o domínio sobre a legislação que o regulamenta deve ser reservado a médicos generalistas e, sobretudo, médicos especialistas em ginecologia e obstetrícia. Ademais, é valido ressaltar as nuances éticas que a interrupção voluntária da gestação causa nos profissionais. Essas forneceram informações utilizadas para consolidar suas opiniões, as quais não poderão refletir negativamente em suas terapêuticas para com os pacientes. Entretanto, o que foi constatado em levantamento bibliográfico é que a educação médica e a formação profissional carecem de melhorias quanto às informações a respeito dessa temática nos profissionais atuantes. O presente estudo objetivou a verificação do conhecimento de profissionais médicos referente ao abortamento. Também são objetivos do estudo a checagem da opinião desses profissionais sobre o tema, a comparação entre os resultados encontrados e a identificação de possíveis níveis de desinformação. Foi realizado um estudo transversal, quantitativo e descritivo com um grupo seleto de médicos contratados e atuantes em Unidades de Saúde Primária localizadas em um município do interior do estado de São Paulo. Para isso, foram utilizadas fichas de dados sociodemográficos a fim de avaliar dados pessoais como idade e gênero, além de um questionário autoaplicável sobre conhecimentos gerais/legislativos e indicadores pessoais sobre a interrupção voluntária de gravidez. Concluiu-se haver um déficit de conhecimento ético e legal entre os médicos pesquisados, sugerindo a necessidade de cursos de capacitação desde a graduação até a especialização. Profissionais atualizados consideram aspectos socioeconômicos e psicológicos, mas mantêm opiniões conservadoras sobre o aborto, priorizando o acolhimento da mulher grávida, porém com respaldo legal. O estudo destacou a necessidade de uma amostragem mais representativa para resultados mais significativos, sugerindo a inclusão de municípios limítrofes.
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