Metabólicos secundários com propriedades hipotensoras e mecanismos de ação sugeridos

Resumen

As doenças cardiovasculares são uma das maiores causas de hospitalização e mortalidade no mundo, sendo a Hipertensão Arterial (HA) um importante fator de risco e grave problema de saúde pública. Com isso, diversas alternativas terapêuticas, com destaque às plantas medicinais, vêm sendo investigadas com intuito de se trazer à clínica fármacos eficazes com efeito hipotensor. Assim, o objetivo da presente revisão foi realizar um levantamento acerca de metabólitos secundários com ação hipotensora, bem como trazer possíveis mecanismos de ação dos mesmos. Usou-se as bases de dados Biblioteca Cochrane, Science Direct, Lilacs, Web of Science e PubMed com auxílio dos descritores: “Plants medicinal “OR “Herbal Medicine” OR “Oils volatile “OR “Alkaloids “OR “Diterpene Alkaloids” OR “Terpenes” OR “Sesquiterpenes “OR “Monoterpenes” OR “Isoprenoids” OR “Flavonoids” OR “tannins” OR “phenolic compounds” AND “Anti-hypertensive Agents”. O corte temporal foi de 2012 a 2022 selecionando-se os artigos nas linguagens português, espanhol e inglês. No processo de listagem de referências, remoção de duplicatas, triagem e avaliação de elegibilidade usou-se a plataforma Rayyan. Dos 6.196 artigos recuperados nas bases de dados e listas de referências, 17 foram incluídos. Os achados evidenciam que metabólitos secundários diversos, como óleos essenciais, alcalóides, flavonóides, fenóis, apresentam atividade hipotensora por diversos mecanismos, tais como bloqueio dos canais de cálcio, aumento na produção de óxido nítrico via eNOS, diminuição de angiotensina-II, bloqueio de receptores ganglionares. Ressalta-se ainda que muitos dos metabólitos apresentaram atividade antioxidante, o que pode indiretamente contribuir para o efeito hipotensor. O potencial terapêutico dos compostos supracitados faz-se relevante, uma vez que os efeitos mencionados foram encontrados nos principais modelos experimentais de HA, dentre os quais destaca-se: ratos espontanemente hipertensos (SHR), o qual mimetiza hipertensão essencial humana; modelo L-NAME que causa HA por vasoconstrição sistêmica devido a redução na síntese de óxido nítrico; modelo por uso de desoxicorticosterona (DOCA) que desencadeia a HA devido a retenção de sódio e água; modelo por administração de nicotina que induz aumento no estresse oxidativo, resultando em uma menor vasodilatação dependente do endotélio em decorrência da disfunção endotelial. Conclui-se que os metabólitos secundários com efeito hipotensor podem atuar por meio de diversos mecanismos de ação em diferentes sistemas de controle da pressão arterial, tornando-se com isso potentes alvos terapêuticos, o que pode contribuir para a inserção de novos fármacos anti-hipertensivos no mercado.