Educação Interprofissional na Percepção dos Coordenadores de Cursos de Medicina

Resumo

A complexidade do cuidado em saúde e as crescentes demandas têm exigido a reorientação da formação das escolas médicas brasileiras para o êxito nas transformações nas práticas em saúde
e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). A Educação Interprofissional (EIP) é reconhecida
como uma das estratégias para o desenvolvimento da prática colaborativa entre os profissionais
de saúde e consolidação do SUS. O presente trabalho teve como objetivo compreender o desenvolvimento da EIP nas graduações médicas de um estado brasileiro na percepção dos
coordenadores de cursos de medicina. Para tanto, realizou-se estudo exploratório de abordagem
qualitativa por meio de entrevista com seis coordenadores de todos os cursos ofertados no estado em questão. Análise Temática de Conteúdo foi utilizada para análise dos dados. Verificaram-se
desconhecimento, diversidade, multiplicidade e certa falta de clareza conceitual sobre o conceito
e construtos da EIP, apesar do destaque à importância da EIP e o reconhecimento de espaços
interprofissionais. A despeito da EIP encontrar-se nas orientações das Diretrizes Nacionais Curriculares, não foi possível identificar a implementação institucional sistematizada de práticas interprofissionais. Obstáculos para a implementação da EIP incluem a falta de apoio institucional, a dificuldade de desenvolvimento de um currículo flexibilizado para EIP e a falta de espaço físico, corpo docente e instrumento avaliativo de ações interprofissionais. A partir deste estudo exploratório e de seus resultados, conclui-se que, no contexto desse estado brasileiro, a EIP merece maior reconhecimento e desenvolvimento na graduação médica se de fato acreditamos na potência do trabalho em equipe colaborativa para qualificar o cuidado à população.