O SIGNIFICADO DA ALIMENTAÇÃO NA FAMÍLIA: UMA VISÃO ANTROPOLÓGICA
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v39i3p333-339Palavras-chave:
Alimentação. Dietética, regras. Família de Baixa Renda.Resumo
Fome é uma necessidade natural que deve ser satisfeita através da ingestão de alimentos para assegurar a produção e reprodução da existência humana. No entanto, se o ato de saciar a fome é natural e universal, as práticas alimentares, também universais, não são naturais, mas situam-se na esfera da cultura, vale dizer, no campo dos sistemas simbólicos. Em torno da comensalidade, cada sociedade elabora um complexo sistema de regras dietéticas fundadas no senso comum, em preceitos religiosos e no conhecimento médico, que criam interdições para excluir do cardápio alimentos simbolicamente classificados como nocivos e perigosos para a saúde. Trabalhos antropológicos têm mostrado a diversidade das formas de produção, processamento e consumo de alimentos, que não são atos solitários, mas constituem atividades sociais, e o modo como as sociedades constroem representações sobre si próprias, definindo sua identidade em relação a outras sociedades, através de seus hábitos culinários. Este trabalho examina o modo como a população de baixa renda articula elementos simbólicos provenientes de várias fontes para organizar regras dietéticas que passam a constituir indicadores culturais através dos quais os alimentos são categorizados em apropriados ou nocivos para o consumo. A comida é uma categoria que estabelece fronteiras entre a identidade da população pobre, que enfrenta dificuldades para prover a alimentação, e a identidade daqueles cuja cozinha é rica e variada, e a dos muito pobres, que passam fome.
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