Aspectos clínico-epidemiológicos dos acidentes botrópicos notificados em um hospital de referência de Alagoas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v53i3p260-267Palabras clave:
Mordeduras de Serpente, Animais Venenosos, Saúde Pública, EpidemiologiaResumen
Os acidentes ofídicos configuram um sério transtorno à saúde pública dos países tropicais, em razão da frequência com a qual se apresentam e da magnitude da morbimortalidade que acarretam. No Brasil, observa-se uma prevalência anual entre 19 e 22 mil desses acidentes, e, dentre os casos em que se há notificação da espécie, o gênero Bothrops é responsável por 80,50% dos casos. Objetivo: Descrever os aspectos clínico-epidemiológicos dos acidentes botrópicos notificados em um hospital de referência no estado de Alagoas. Métodos: Estudo observacional, descritivo do tipo transversal e retrospectivo, dos registros clínicos de pacientes internados no Hospital Escola Dr. Hélvio Auto, por acidentes botrópicos de 2010 a 2018. Resultados: A partir da investigação de 694 prontuários médicos, constatou-se a maior prevalência de acidentes no ano 2017. O perfil epidemiológico foi composto por indivíduos de sexo masculino, adultos, de etnia parda, de baixo nível de escolaridade, trabalhadores rurais, e caracterizado por ocorrer majoritariamente na mesorregião Leste Alagoano. Por sua vez, o perfil clínico caracterizou-se por apresentar como região anatômica mais acometida os membros inferiores, manifestações de dor e edema, gravidade leve a moderado e desfecho evolutivo satisfatório. Conclusões: A investigação realizada permitiu traçar o perfil clínico-epidemiológico dos acidentes botrópicos no estado de Alagoas, bem como identificou que o grupo social composto por trabalhadores rurais apresentou certa dificuldade de acesso ao atendimento hospitalar adequado em tempo hábil, o que determinou a incidência de casos de maior gravidade nessa população.
Descargas
Referencias
da Silva AM, Bernarde PS, de Abreu LC. Accidents with Poisonous Animals in Brazil by Age and Sex. Journal of Human Growth and Development 2015; 25(1): 54-62. https://doi.org/10.7322/jhgd.96768
Bernarde PS. Serpentes peçonhentas e acidentes ofídicos no Brasil. São Paulo: Anolis Books Editora; 2014. p. 223.
dos Santos AA, Vizotto, RM, de Souza LP, de Lima MG, Viana TCT. Perfil clínico-epidemiológico dos pacientes vítimas de acidentes ofídicos no município de Cacoal, Rondônia, Brasil, no período de 2009 a 2013. Rev. Saúde e Ciências Biológicas 2017; 5(3): 221-227. http://dx.doi.org/10.12662/2317-3076jhbs.v5i3.1275.p221-227.2017
Machado C. Acidentes ofídicos no Brasil: da assistência no município do Rio de Janeiro ao controle da saúde animal em instituto produtor de soro antiofídico [tese de doutorado]. Rio de Janeiro: Instituto Oswaldo Cruz; 2018.
Cardoso JLC, França FOS, Wen FH, Málaque CMS, Haddad Jr. V. Animais Peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. Rev. Inst. Med. Trop. S. Paulo 2003; 45(6): 338. https://doi.org/10.1590/S0036-46652003000600009
Brasil. Ministério da Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.
Machado AS, Barbosa FB, Mello GDS, Pardal PPO. Acidente vascular cerebral hemorrágico associado à acidente ofídico por serpente do gênero bothrops: relato de caso. Rev. Soc. Brasileira de Med. Tropical 2010; 43(5): 602-604. https://doi.org/10.1590/S0037-86822010000500029
World Health Organization. Snakebite Envenoming: A strategy for prevention and control. Genrebra: World Health Organization; 2019.
dos Anjos KP, Lages AMG. Desregulamentação e migração da cana-de-açúcar em Alagoas. Rev. Política Agrícola 2010; 19(3): 83-94.
da Silva Souza A, Sachett JDAG, Alcântara JÁ, Freire M, Alecrim MDGC, Lacerda M, et al. Snakebites as cause of deaths in the Western Brazilian Amazon: Why and who dies? Deaths from snakebites in the Amazon. Rev. Toxicon 2018; 145: 15-24. https://doi.org/10.1016/j.toxicon.2018.02.041
de Brito AC, Barbosa IR. Epidemiologia dos acidentes ofídicos no Estado do Rio Grande do Norte. ConScientiae Saúde 2012; 11(4): 535-542. https://doi.org/10.5585/conssaude.v11n4.3967
Feitosa RFG, Melo IMLA, Monteiro HSA. Epidemiologia dos acidentes por serpentes peçonhentas no Estado do Ceará-Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Tropical 1997; 30(4): 295-301. https://doi.org/10.1590/S0037-86821997000400004
Bochner R, Struchiner CJ. Aspectos ambientais e sócio-econômicos relacionados à incidência de acidentes ofídicos no Estado do Rio de Janeiro de 1990 a 1996: uma análise exploratória. Cad. Saúde Pública 2004; 20(4): 976-985. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2004000400012
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Características da população e dos domicílios: resultados do universo [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE, 2010 [acessado em 19 abr. 2020]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9662-censo-demografico-2010.html?edicao=9673&t=sobre
Mise YF. Acidentes ofídicos notificados no Nordeste Brasileiro, 2000-2006 [dissertação de mestrado]. Salvador: Universidade Federal da Bahia (UFBA); 2009.
Poli D. D. Impacto da raça e ancestralidade na apresentação e evolução da doença de Crohn no Brasil [tese de doutorado]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2007.
da Cunha VP, dos Santos RVSG, Ribeiro EEA, Maia Filho ALM, Marques RB. Perfil epidemiológico de acidentes com animais peçonhentos no Piauí. Revinter 2019; 12(1): 76-87. http://dx.doi.org/10.22280/revintervol12ed1.399
Leobas GF, Seibert CS, Feitosa SB. Acidentes por animais peçonhentos no Estado do Tocantins: aspectos clínico-epidemiológicos. Desafios 2016; 2(2): 269-282. https://doi.org/10.20873/uft.2359-3652.2016v2n2p269
Mise YF, Lira-da-Silva, RM, Carvalho FM. Envenenamento por serpentes do gênero Bothrops no Estado da Bahia: aspectos epidemiológicos e clínicos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 2007; 40(5): 569-573. https://doi.org/10.1590/S0037-86822007000500015
Borges CC, Sadahiro M, Santos MCD. Aspectos epidemiológicos e clínicos dos acidentes ofídicos ocorridos nos municípios do Estado do Amazonas. Rev. Soc. Bras. Med. Tropical 1999; 32(6): 637-64. https://doi.org/10.1590/s0037-86821999000600005
Lemos JDC, Almeida TDD, Fook SML, Paiva ADA, Simões MODS. Epidemiologia dos acidentes ofídicos notificados pelo Centro de Assistência e Informação Toxicológica de Campina Grande (Ceatox-CG), Paraíba. Revista Brasileira de Epidemiologia 2009; 12(1): 50-9. https://doi.org/10.1590/s1415-790x2009000100006
Lima ACSF, Campos CEC, Ribeiro JR. Perfil epidemiológico de acidentes ofídicos do Estado do Amapá. Rev. Soc. Bra. Med. Tropical 2009; 42(3): 329-335. https://doi.org/10.1590/S0037-86822009000300017
Rosenfeld G. Animais peçonhentos e tóxicos do Brasil. In: Lacaz CS, ed. Introdução à geografia médica do Brasil. São Paulo: Ed. USP; 1972. p. 430-75.
Brazil V. A Defesa Contra o Ophidismo. São Paulo: Pocai & Weiss; 1911.
Granadier CDA. Perfil epidemiológico dos acidentes ofídicos atendidos no Hospital de Referência de Porto Nacional –Tocantins (2013-2015) [dissertação de mestrado]. São Paulo: Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, autarquia Associada à Universidade de São Paulo (USP); 2016.
Silveira PVP, Nishioka DAS. Non-venomous snake bite and snake bite without envenoming in a brazilian teaching hospital. Analysis of 91 cases. Rev. Inst. Med. Tropical S. Paulo 1992; 34(6): 499-503. https://doi.org/10.1590/S0036-46651992000600002
Lima CE, Soares GRA, de Pinho L. Caracterização de crianças hospitalizadas vítimas de acidentes por animais peçonhentos. Revista de Enfermagem da UFSM 2016; 6(2): 206-13. http://dx.doi.org/10.5902/2179769216633
Albuquerque PLMM, Silva Junior GB, Jacinto CN, Lima CB, Lima JB, Veras MDSB, et al. Epidemiological profile of snakebite accidents in a metropolitan area of northeast Brazil. Revista Inst. Med. Tropical S. Paulo 2013; 55(5): 347-51. https://doi.org/10.1590/S0036-46652013000500009
Pacheco UP, Zórtea M. Snakebites in southwestern Goiás State, Brazil. J. Venom. Anim. Toxins incl. Trop. Dis 2008; 14(1): 141-51. https://doi.org/10.1590/S1678-91992008000100011
Ribeiro LA, Jorge MT. Epidemiologia e quadro clínico dos acidentes por serpentes Bothrops jararaca adultas e filhotes. Rev. Inst. Med. Tropical S. Paulo 1990; 32(6): 436-42. https://doi.org/10.1590/S0036-46651990000600008
Carvalho LAS, Pereira JMR. Aspectos Epidemiológicos de Acidentes Ofídicos no Município e Cuiabá, Mato Grosso. Connection Line - Revista Eletrônica do Univag 2015; 13: 12-23. http://dx.doi.org/10.18312%2F1980-7341.n13.2015.241
Bochner R, Fiszon JT, Machado C. A profile of snake bites in brazil, 2001 to 2012. Journal of Clinical Toxicology 2014; 4(3): 1-7. http://doi.org/10.4172/2161-0495.1000194