Educação interprofissional na qualificação das ações integradas da vigilância em saúde da atenção primária

Resumo

Objetivo: O estudo objetivou sistematizar uma estratégia de qualificação profissional na vigilância em saúde a partir da realidade do processo de trabalho da vigilância em saúde, com a incorporação dos referenciais teórico-conceituais e metodológicos da EIP. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória conduzida por meio de entrevistas semiestruturadas. O estudo, que foi realizado nos cenários da atenção primária à saúde em um município do alto sertão paraibano, contou com 24 participantes, dentre os quais o secretário adjunto de saúde, as coordenadoras da atenção primária à saúde, os coordenadores da vigilância em saúde e alguns trabalhadores(as) que, no período, estavam vinculados às unidades básicas de saúde e aos setores da vigilância em saúde. No primeiro momento houve a realização de uma entrevista semiestruturada com os 24 participantes. Em seguida, os dados foram examinados através da análise de conteúdo temático-categorial proposta por Bardin. Resultados: Após tratamento e análise dos dados produzidos nas entrevistas, emergiram quatro unidades temáticas por categorias de análise: “Caráter das ações de vigilância em saúde”; “Competências necessárias para o trabalho interprofissional na vigilância em saúde”; “Colaboração e trabalho em rede como premissas do processo de trabalho da vigilância em saúde”; e “Barreiras para colaboração interprofissional na vigilância em saúde”. Na sequência, foi elaborada uma estratégia de qualificação profissional em vigilância em saúde direcionada aos trabalhadores da atenção primária à saúde e vigilância em saúde, a partir das necessidades de aprendizagem identificadas por meio das interações durante as entrevistas. A proposta está alinhada aos referenciais teórico-conceituais e metodológicos da educação interprofissional em saúde e foi desenhada em dez oficinas temáticas de trabalho com detalhamento dos temas/tópicos, competências esperadas, objetivos de aprendizagem, metodologia ativa, teoria de aprendizagem e avaliação de aprendizagem, e com tempo mínimo de duração estimado em 120 minutos para cada oficina. As discussões foram conduzidas a partir da realidade da vigilância em saúde, no contexto da atenção primária à saúde, sob a ótica das dimensões da interprofissionalidade. O estudo evidenciou a necessidade de incorporação dos princípios da interprofissionalidade na implementação da Política Nacional de Vigilância em Saúde e de reorganização dos modelos de atenção à saúde que prezam pela integralidade da atenção no Sistema Único de Saúde. Conclusões: Nesse sentido, a educação interprofissional em saúde se mostrou útil e adequada para o cenário em estudo, tendo em vista que a comunicação interprofissional promoveu espaços de atuação compartilhados, com interdependência e corresponsabilização das práticas.