Custos diretos da prematuridade e fatores associados ao nascimento e condições maternas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056003657

Palavras-chave:

Recém-Nascido Prematuro, Assistência Perinatal, economia, Custos e Análise de Custo, Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, Saúde Materno-Infantil

Resumo

OBJETIVOS Estimar os custos diretos advindos com a assistência hospitalar a recém-nascidos prematuros extremos, moderados e tardios, sob a perspectiva de um hospital público em 2018. O segundo objetivo foi investigar se fatores associados ao nascimento e às condições maternas explicam os custos e o tempo de permanência hospitalar. MÉTODOS Estudo de custo da doença, com extração de dados a partir das autorizações de internação hospitalares e prontuários de um hospital público de grande porte do Distrito Federal. Estimou-se a associação de características dos recém-nascidos prematuros e das genitoras nos custos por meio de regressão linear com distribuição gamma. Na análise, adotou-se o cálculo dos parâmetros das estimativas (B), com intervalo de confiança de 95% (IC95%). Os parâmetros de incerteza foram estimados pelo intervalo de confiança de 95% e erro padrão por meio do método de Bootstrapping, com 1.000 amostragens. Realizou-se análise de sensibilidade determinística, considerando limites inferiores e superiores do IC95% na variação de cada componente de custo. RESULTADOS Foram incluídos 147 recém-nascidos prematuros. Verificamos um custo médio de R$ 1.120 para prematuros tardios, R$ 6.688 para prematuros moderados e R$ 17.395 para prematuros extremos. Verificamos também que os fatores associados ao custo foram idade gestacional (B = -123,00; IC95% -241,60 a -4,50); internação em UTI neonatal (B = 6.932,70; IC95% 5.309,40–8.556,00) e número de consultas pré-natal (B = -227,70; IC95% -403,30 a -52,00). CONCLUSÕES Verificamos um custo direto considerável advindo da assistência a recém-nascidos prematuros. A prematuridade extrema demonstrou um custo 15,5 vezes maior comparado à tardia. Verificamos ainda que uma maior quantidade de consultas pré-natal e a idade gestacional foram associadas a uma redução dos custos da prematuridade.

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Publicado

2022-06-13

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Melo, T. F. M. de, Carregaro, R. L., Araújo, W. N. de ., Silva, E. N. da ., & Toledo, A. M. de . (2022). Custos diretos da prematuridade e fatores associados ao nascimento e condições maternas. Revista De Saúde Pública, 56, 49. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056003657