Estrutura da Atenção Primária à Saúde e as coberturas vacinais nos municípios brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.11606/s15188787.2025059006279Palavras-chave:
Cobertura Vacinal, Atenção Primária à Saúde, Estrutura dos Serviços, Avaliação de Serviços de Saúde, Qualidade dos Serviços de SaúdeResumo
OBJETIVO: Investigar a relação entre os indicadores de cobertura vacinal e a estrutura da atenção primária para imunização nos municípios brasileiros. MÉTODOS: Trata-se de um estudo ecológico temporal que utilizou dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) ao longo de três ciclos de avaliação. Ao todo, foram avaliadas 13 variáveis, sendo cinco relacionadas à estrutura das unidades básicas de saúde (UBS) e oito à disponibilidade de imunobiológicos. Foram realizadas análises de comparações, associações e modelos longitudinais para avaliar a influência desses indicadores nos níveis de cobertura vacinal. RESULTADOS: As variáveis e os indicadores relacionados à estrutura das UBS, à disponibilidade de imunobiológicos nos municípios brasileiros e às coberturas vacinais apresentaram variações significativas ao longo dos ciclos. As estruturas das UBS variaram de regular a boa, com percentuais mais baixos no Ciclo 1 e aumentos nos Ciclos 2 e 3 para a maioria das variáveis analisadas. A disponibilidade de imunobiológicos também melhorou ao longo dos ciclos, apesar de algumas exceções. Os indicadores de cobertura vacinal adequada aumentaram do Ciclo 1 para o Ciclo 2, mas diminuíram no Ciclo 3. Melhorias na estrutura das UBS e na disponibilidade de imunobiológicos foram associadas a maiores coberturas vacinais adequadas. Mantendo a disponibilidade de imunobiológicos fixa como boa, a chance de ter cobertura adequada é 86,28% maior para uma estrutura boa em comparação a uma ruim. CONCLUSÕES: Mudanças na estrutura das UBS municipais e na disponibilidade de imunobiológicos ao longo dos ciclos avaliados foram identificas e elas foram associadas a uma maior cobertura vacinal quando ocorreram simultaneamente (boa disponibilidade de imunobiológicos e estrutura regular ou boa nas UBS). Destaca-se a importância da qualidade da atenção primária para o alcance das metas de cobertura vacinal nos municípios brasileiros.
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