Estimativa da participação de alimentos ultraprocessados nos municípios brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.11606/s15188787.2025059006615Palavras-chave:
Alimentos Ultraprocessados, Fatores Socioeconômicos, Modelos de Predição, EpidemiologiaResumo
OBJETIVO: Estimar a participação calórica de alimentos ultraprocessados (% AUP) nos 5.570 municípios brasileiros. MÉTODOS: A estimativa de % AUP nos municípios foi realizada a partir de um modelo estatístico de predição construído com base nos dados de 46.164 indivíduos com idades >10 anos participantes da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017–2018). Regressão linear múltipla foi usada para estimar a % média de AUP (medida por meio de dois recordatórios alimentares de 24 h) em função das variáveis preditoras (sexo, idade, renda, escolaridade, raça/cor, urbanidade, Unidades da Federação e localização geográfica). O modelo foi avaliado quanto a sua adequabilidade por meio de análise de resíduos e pela comparação entre valores preditos pelo modelo e mensurados diretamente na POF 2017–2018 por meio do coeficiente de correlação-concordância de Lin (CCC). Os coeficientes lineares obtidos no modelo de regressão linear múltiplo foram aplicados aos dados sociodemográficos da amostra do Censo de 2010 (aferidos de forma semelhante à da POF) para estimar o % de AUP de cada um dos municípios. RESULTADOS: O modelo estatístico mostrou-se adequado, apresentando distribuição normal dos resíduos e um CCC de 0,87, indicando concordância quase perfeita. Foi observada uma heterogeneidade na distribuição das estimativas de % AUP, variando de 5,75% em Aroeiras do Itaim (PI) a 30,5% em Florianópolis (SC). As estimativas de % AUP foram mais altas (>20%) em municípios da região Sul e do estado de São Paulo. As capitais apresentam maiores estimativas de participação calórica de alimentos ultraprocessados em relação aos demais municípios de seus estados. CONCLUSÕES: O modelo preditivo revelou diferenças de % AUP entre os municípios brasileiros. As estimativas geradas podem contribuir para o monitoramento do consumo alimentar de ultraprocessados no nível municipal e fortalecer e subsidiar a criação de políticas públicas focadas na promoção da alimentação saudável.
Referências
Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac JC, Louzada ML, Rauber F, et al. Ultra-processed foods: what they are and how to identify them. Public Health Nutr. 2019 Apr;22(5):936-41. https://doi.org/10.1017/S1368980018003762.
Martínez Steele E, Buckley JP, Monteiro CA. Ultra-processed food consumption and exposure to acrylamide in a nationally representative sample of the US population aged 6 years and older. Prev Med. 2023 Sep;174:107598.
https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2023.107598.
Martínez Steele E, Khandpur N, Louzada MLC, Monteiro CA. Association between dietary contribution of ultra-processed foods and urinary concentrations of phthalates and bisphenol in a nationally representative sample of the US population aged 6 years and older. PLoS One. 2020 Jul;15(7):e0236738. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0236738.
Martini D, Godos J, Bonaccio M, Vitaglione P, Grosso G. Ultra-processed foods and nutritional dietary profile: a meta-analysis of nationally representative samples. Nutrients. 2021 Sep;13(10):3390. https://doi.org/10.3390/nu13103390.
Lane MM, Gamage E, Du S, Ashtree DN, McGuinness AJ, Gauci S, et al. Ultra-processed food exposure and adverse health outcomes: umbrella review of epidemiological meta-analyses. BMJ. 2024 Feb;384:e077310. https://doi.org/10.1136/bmj-2023-077310.
Anastasiou K, Baker P, Hadjikakou M, Hendrie GA, Lawrence M. A conceptual framework for understanding the environmental impacts of ultra-processed foods and implications for sustainable food systems. J Clean Prod. 2022 Sep;368:133155. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2022.133155.
Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira 2a ed. Brasília, DF Ministério da Saúde; 2014 [citado 28 de setembro de 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/ assuntos/saude-brasil/publicacoes-para-promocao-a-saude/guia_alimentar_populacao_ brasileira_2ed.pdf/view.
Louzada MLC, Cruz GL, Silva KAAN, Grassi AGF, Andrade GC, Rauber F, et al. Consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil: distribuição e evolução temporal 2008-2018. Rev Saude Pública. 2023;57(1):12. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2023057004744.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos familiares 2017-2018: avaliação nutricional da disponibiliade domiciliar de alimentos no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2020.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos familiares 2017-2018: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2020.
Lin LI. A concordance correlation coefficient to evaluate reproducibility. Biometrics. 1989 Mar;45(1):255-68. https://doi.org/10.2307/2532051.
Silva MA, Rodrigues LB, Brito SA, Lage LG, Louzada ML C. Aquisição de alimentos que compõem a nova cesta básica pelas famílias brasileiras de baixa renda em 2017-18: distribuição socioeconômica e demográfica. SciELO Preprints. 2024. https://doi.org/10.1590/SciELOPreprints.9349.
Levy RB, Andrade GC, Cruz GL, Rauber F, Louzada MLC, Claro RM, et al. Three decades of household food availability according to NOVA - Brazil, 1987-2018. Rev Saude Publica. 2022;56:75. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056004570.
Rio de Janeiro. Decreto RIO no 52842, de 11 de junho de 2023. Regulamenta a Lei Municipal no 7.987, de 11 de julho de 2023, que institui ações de combate à obesidade infantil, e dá outras providências. Diario Oficial Municipio Rio de Janeiro; 12 jul 2023.
Niterói. Decreto No 15.457/2024. Regulamenta a Lei no 2659/2009 que proíbe a comercialização, a aquisição, a confecção, a distribuição e a publicidade de produtos que contribuem para a obesidade infantil e dá outras providências. Niterói. 7 jun 2024.
Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (BR). Decreto no 11.822, de 12 de dezembro de 2023. Institui a Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional nas Cidades. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social; 2023.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Maria Laura da Costa Louzada, Leandro Teixeira Cacau, Maria Helena D’Aquino Benicio, Renata Bertazzi Levy

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Como Citar
Dados de financiamento
-
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Números do Financiamento 403892/2021-0